Será que as agências de fact-checking são o alvo certo da polêmica envolvendo o controle de informações pelo Facebook? Não é o que pensam governos e entidades da sociedade civil que tiveram processos eleitorais comprovadamente manipulados no escândalo Cambridge Analytica, em que dados pessoais foram ilegalmente utilizados e a visualização de informações foi manipulada para favorecer os reais clientes da rede social: quem paga para vender produtos e ideias.
Um movimento que une, nos Estados Unidos, entidades da sociedade civil que vão de criadores de conteúdo a representantes de judeus e de muçulmanos está pedindo que a Federal Trade Comission (órgão que se assemelha ao CADE) quebre o monopólio da rede social. Chama-se Freedom from Facebook e tem o lema: “O Facebook tem poder demais sobre nossas vidas e nossa democracia. Está na hora de tomar esse poder de volta.”
Mark Zuckerberg depôs hoje no Parlamento Europeu em uma sessão de uma hora e meia transmitida ao vivo. Mais uma vez o CEO do Facebook pediu desculpas públicas: “Não temos feito o suficiente para garantir que estas ferramentas não são utilizadas para o mal. Peço desculpa por isso. Vai levar tempo para fazermos todas as mudanças que são necessárias”, explicou.
Uma das mudanças é contratar agências independentes de fact-checking para detectar Fake News e diminuir sua circulação. Aqui no Brasil a medida acabou gerando ataques contra as agências e até contra funcionários por desconfiança quanto à atuação ideológica no filtro de conteúdos. Mas será que este é realmente o principal problema? Não. É o monopólio do Facebook, que Mark Zuckerberg negou na audiência no Parlamento Europeu.
Nós existimos num espaço muito competitivo onde as pessoas utilizam várias ferramentas diferentes para comunicar. Em média, cada pessoa utiliza oito ferramentas diferentes. – disse o CEO do Facebook, sem mencionar que a empresa dele é dona de 4 dessas ferramentas, que representam 80% do mercado.
Conversei, com exclusividade, com o porta-voz da Freedom for Facebook, o inglês Paul Hilder. Ele explica que o movimento “foi lançado como uma aliança de pessoas e entidades trabalhando para garantir que o poder excessivo do Facebook seja contido. Nós acreditamos que isso pode ser feito dando mais direitos aos usuários e quebrando o monopólio do Facebook – por exemplo, junto com o Instagram, WhatsApp e Messenger, ele tem hoje mais de 80% do mercado de mensagens em mídias sociais”.
Expliquei a ele a polêmica envolvendo as agências de fact-checking contratadas pelo Facebook no Brasil e como elas acabaram virando o alvo de todos os problemas no ano eleitoral.
Checagem de fatos sobre Fake News é uma coisa boa? Sim. É possível confiar num Facebook que não assume responsabilidades para fazer isso? Não. – sentencia Paul Hilder
Algumas pessoas pensam que o Facebook pode se tornar um monopólio mais responsável, mas a aparente cumplicidade no escândalo Cambridge Analytica e o padrão de repetidas falhas no respeito aos direitos dos usuários e ao bem público não inspira nenhuma confiança. – diz o porta-voz do Free from Facebook.
Para Paul Hilder, o ideal é que, no longo prazo, tenhamos plataformas que sejam de propriedade e controladas por seus usuários. “No curto prazo, precisamos de campanhas, regulações e um honesto escrutínio dos abusos de poder por estas plataformas não democráticas”, prega.
Organizações de vários países estão se envolvendo no movimento Freedom from Facebook e o porta-voz encoraja os brasileiros a organizar suas próprias ações e compartilhar suas ideias para soluções.
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