Paulo Skaf (MDB) pouco apareceu no debate que a RecordTV promoveu entre os candidatos ao governo de São Paulo neste sábado (29). Não fez perguntas polêmicas, privilegiou candidatos pouco expressivos na hora do confronto direto e, quando pressionado pelos adversários, conseguiu se esquivar e levar o assunto para tópicos que considera mais confortáveis.
Essa postura, que poderia ser interpretada como omissão ou mesmo covardia, se revelou uma boa estratégia de Skaf. Afinal, as pesquisas e o cenário eleitoral indicam que ele não tende a encontrar dificuldades para chegar ao segundo turno – com isso, fazer o “dever de casa” e evitar os holofotes a uma semana da eleição se apresenta como um bom caminho.
A tática se mostrou ainda mais acertada porque o maior adversário de momento do emedebista, João Doria (PSDB), se tornou o principal alvo dos outros oponentes. Enquanto o tucano batia boca com Luiz Marinho (PT) e Márcio França (PSB), Skaf seguia tocando de lado, se esforçando para não ser muito notado.
E o clima no estúdio foi quente. Pedidos de silêncio por parte do moderador Reinaldo Gottino e de restituição do tempo, por parte dos candidatos, se repetiram durante praticamente todo o debate. As claques de Doria, França e Marinho se revezavam na euforia e garantiram um (indesejado) espírito de torcida organizada ao encontro.
Mas houve, como em todo debate, espaço para as tabelinhas entre candidatos do mesmo viés ideológico. Marcelo Cândido (PDT) perguntou à Professora Lisete (PSOL) a opinião da candidata sobre os protestos promovidos por mulheres neste sábado, como se a integrante do partido de Guilherme Boulos fosse responder algo que não fossem críticas ao presidenciáel Jair Bolsonaro (PSL). A candidata também usou do expediente ao perguntar a Marinho sobre políticas de gênero na educação, momento em que contestou a “extrema direita” que, segundo ela, impede o debate a respeito do tema. Já Doria acionou Rodrigo Tavares (PRTB) para que ambos falassem sobre políticas de segurança.
A tabelinha foi um dos poucos momentos de tranqulidade para Doria. O tucano foi contestado por ações do PSDB no governo estadual, pela polêmica da via pública que teria anexado a um terreno seu na cidade de Campos de Jordão e, como tem sido rotineiro nessa campanha, pelo fato de ter deixado a prefeitura de São Paulo antes de concluir o mandato. Tentou rebater elencando escândalos que envolvem o PT – chamou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de chefe de quadrilha – e apelidando França de “Márcio Taxa” e “esquerdista”.
O atual governador, aliás, fica com a “medalha de prata” do encontro. Protagonizou com Doria o confronto mais acalorado de todo o debate – o que é mais do que importante para quem está em terceiro lugar nas pesquisas e vê no tucano o foco para roubar os votos de que precisa. O duelo entre França e Doria tende a marcar a reta final da campanha. Enquanto isso, o discreto Paulo Skaf se beneficia.
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