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A Protagonista

A Protagonista

A renovação da política virá pela internet e no Legislativo – entrevista com Rodrigo Gadelha

Não será o salvador da pátria que o Brasil busca desde sempre e acaba em frustração, será o cidadão comum, a liderança legítima dentro de seu segmento, via internet, entrando pela porta da frente do parlamento em um país que começa a entender que não gostar de política é entregar seu destino a quem entende. É essa a renovação que prevê Rodrigo Gadelha, especialista em Marketing Político Eleitoral e dono da RG Organics.

Ele prevê a entrada na internet da última leva de políticos que ainda se recusava. “As pessoas acordam, o que elas vêem? Whatsapp e Facebook. Os caras vão ter de entrar nesse meio.” É o que aconteceu hoje com o parananense Osmar Dias.

Ainda assim, há quem venda a alma por mais tempo de televisão. A equação fecha porque uma coisa não anula a outra, explica o estrategista. “Se a gente pegar só o horário político, é ruim, mas as inserções são muito boas, da TV. Porque o cara é pego de surpresa, ele não sabe que precisa desligar a TV naquela hora.”

A grande diferença não é o tipo de mídia em si, é a forma de se comunicar com o eleitorado. A velha política está acostumada a mandar informações, a fazer propaganda das próprias qualidades e das próprias realizações, uma fórmula desgastada e desacreditada no novo cenário. “Quando ele perceber que pode receber em vez de ficar só mandando, as pessoas vão encher ele de informação.”

“Imagina se um político cria uma estrutura de atendimento para ouvir a necessidade da população de verdade. É que a maioria não está preocupada em ouvir, está preocupada em falar.”, diz Rodrigo Gadelha, da RG Organics

Enquanto o debate em torno de temas e propostas continua vazio, vamos de nomes e esperanças em salvadores da pátria, como sempre fizemos desde que o Brazyl é Brazyl. A primeira esperança da população é manter o foco na honestidade: “O fenômeno Bolsonaro mostra que a população está indo por um caminho assim: ele é tudo errado, mas ele não é corrupto. Qual é o outro exemplo disso?”

Quando eu argumentei com o estrategista que ser honesto é obrigação moral, ele rebateu: seria e é mesmo, mas ocorre que a realidade não é assim. Ele tem razão. Andamos tão carentes do mínimo de princípios que a população se agarra aos exemplos que tem como se fosse possível para eles salvar todo um país das mazelas que cria para si.

Para Rodrigo Gadelha, existe a vontade de formar algo maior, mas falta o tema: “As pessoas querem até ter um movimento, mas não têm aquele: qual é o objetivo comum?”

A necessidade dos heróis, no entanto, não é algo que o país projeta apenas na política. “Nós somos carentes de heróis para tudo, né? Esse ano é um ano de Copa, nós vamos ter um herói, já estamos preparando o Neymar para isso.”

Na área da política tivemos Fernando Collor e, mais recentemente Lula. Não faz pouco tempo, criamos outro mito, o do gestor:

“Estavam tentando construir o Doria, mas o Doria esqueceu que tinha que entregar primeiro para depois construir a imagem de grande salvador nacional.”

Nesse contexto, é natural que nomes antigos estejam fixados na mente das pessoas e tenham melhor desempenho em uma eleição curta e com pouca verba, como é a característica de 2018, com a campanha formal reduzida de 90 dias para 45 dias.

Se o nome de João Doria perdeu a força, a ideia de virar a chave e trocar o político tradicional por outro modelo ainda está na cabeça de muita gente, ainda que o original não fosse exatamente uma novidade na área política.

“Há uma grande possibilidade de renovação porque há um resquício do movimento Dória, as pessoas falando de mudar, colocar gestores, mudar o conceito.”

A mudança mais factível, no entanto, é no Legislativo, onde há candidatos que já estão disparando suas campanhas e mais cidadãos comuns dispostos a apostar uma entrada na política. Para Rodrigo Gadelha, os grandes cargos majoritários ainda devem ficar nas mãos de políticos tradicionais, que terão de aprender a conviver com um novo parlamento e uma relação diferente com o povo.

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