Nunca antes na história desse país tivemos uma campanha eleitoral tão longa, a despeito de todas as discussões e decisões oficiais que diminuíram o tempo de campanha. O Brasil é este país oficial que funciona no papel e sobre o qual as autoridades costumam discursar, o Brazyl é este sarapatel de coruja no qual vivemos nosso dia-a-dia.
Apesar do discurso oficial e de decisões do TSE dizendo que a campanha só começa em julho do ano que vem, sabemos que as Eleições 2018 já estão de bandeira em punho nas ruas, com candidatos correndo o país atrás de votos, movimentando as redes sociais e formando muito mais do que bases eleitorais: times.
Marca-se o julgamento de Lula e surge a reclamação de que a Justiça foi rápida demais. Vou até escrever de novo: a Justiça foi rápida demais. Um processo contra um ex-presidente, o maior líder de massas da nossa história, que se arrasta há anos e com ele o ânimo político e o fígado do país, é RÁPIDO DEMAIS.
Alimentados pela soberba e pela cegueira da esquerda que se crê dona dos pobres e das virtudes, Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro vêem suas candidaturas dispararem e, cada um a seu modo, diametralmente diferentes, vão abocanhando o quinhão que lhes cabe. Note-se: quase UM ANO antes das eleições.
Apertaremos o botão da urna eletrônica para sacramentar a existência de um país no papel e outro na realidade, uma campanha que existiu formalmente e outra que realmente houve, a infinita, de mais de um ano, que provocou brigas de amigos, em churrascos familiares e mesas de bar.
E é nessa campanha real que surge um fenômeno curioso, que talvez algum dia seja desvendado ou acabe trancafiado para sempre na caixinha do “jamais saberemos”: as denúncias absurdamente antecipadas contra Jair Bolsonaro.
A candidatura de Jair Bolsonaro é aquela em que as esquerdas brasileiras mais gastaram energia até o momento. Foi semeada por uma gestão autoritária e atabalhoada da briga com a deputada Maria do Rosário e inflada a cada demonstração de fé no monopólio da verdade.
O deputado, apesar da longa história parlamentar e da votação consistente, suficiente para alavancar a carreira política da família toda, só obteve o respeito dos intelectuais de plantão quando foi impossível ignorar sua força nas pesquisas eleitorais.
As tentativas de enfrentá-lo com a empáfia tradicional da intelectualidade de apartamento do Brazyl de classemédiaalta resultam no que Ulisses Guimarães chamava de político clara de ovo: quanto mais bate, mais cresce.
Eis que surgem, quase um ano antes das eleições, as denúncias contra um candidato que não é candidato de uma corrida eleitoral que ainda não começou. Vêm em enxurrada: disse na TV que apoiava tortura, documentos mostram que empregou parentes, gravou vídeo dizendo que admirava Hugo Chávez, militar como ele.
Em vez de rebater diretamente as acusações, uma a uma, como faria um parlamentar, Jair Bolsonaro saca do bolso o presidenciável e espalha um vídeo onde discursa a favor da ação de Donald Trump reconhecendo Jerusalém como capital de Israel.
O deputado, há algum tempo, chegou a postar um vídeo onde fez uma cena simbólica de batismo por imersão no Rio Jordão com um líder evangélico – ele é católico. Viajou por Israel, tem relações com o governo do país. É interessante notar que, na hora do jogo rasteiro, fez a opção de rebater para cima.
Na campanha que oficialmente não começou, Jair Bolsonaro toma uma posição e um lugar de fala de presidenciável em consonância com o que pensa boa parte do time de seguidores que conquistou nas redes sociais.
Estamos testemunhando a inauguração de um novo estilo de marketing político, a história feita dia-a-dia em frente aos nossos olhos, o tempo todo. A grande questão é saber de que forma isso vai contribuir para melhorar o futuro do nosso país.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF