Na manhã desta quarta-feira (25), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), falou grosso com o governo federal. Ao comentar o projeto de lei 4/2018, que previa a destinação de R$ 4,2 bi ao Executivo que seriam retirados de governos estaduais e projetos como a transposição do São Francisco, o parlamentar atacou: “para mim ninguém explicou, e eu tenho muita dificuldade de aceitar que os estados sejam prejudicado sem uma explicação para isso.Vai tirar 200, 300 milhões da Integração? Vai parar o projeto da transposição? A gente precisa entender”.
A pressão do deputado deu resultado e, na noite dessa quarta, a Câmara acabou aprovando um substitutivo da proposta que determinou a destinação de “apenas” R$ 3,07 bilhões.
A crítica pública a uma atitude do governo Michel Temer é a segunda feita recentemente por Rodrigo Maia. Em fevereiro, ele chamou de “café velho e requentado” o pacote de 18 medidas para a economia que a gestão Temer apresentara como consolação pela desistência da reforma da previdência.
“Mais uma vez ele mostrou ter posição. Mostrou que o Poder Legislativo tem a sua autonomia, e, da forma como ele está conduzindo, ele tem cada vez mais consolidado a sua liderança no Congresso Nacional”, disse o deputado Juscelino Filho (DEM-MA). Demonstrar força, de fato, parece imprescindível para um político que se apresentou como candidato a presidente mas que até o momento tem sido ignorado pelo eleitorado – a mais recente pesquisa do Datafolha viu Maia com apenas 1% das intenções de voto.
Mesmo dentro de seu partido Maia não encontra uma aceitação invejável. Seu pai, o ex-prefeito do Rio César Maia, declarou publicamente que não via muito futuro nas pretensões presidenciais do filho, e que apostava suas fichas em Geraldo Alckmin. Há, além disso, fatias do DEM que trabalham – aberta e assumidamente – pela candidatura presidencial de Jair Bolsonaro (PSL). Os deputados Onyx Lorenzoni (RS) e Alberto Fraga (DF) estão nesse grupo.
“O momento agora é de indefinição. Quando a candidatura de Rodrigo Maia se consolidar, acredito que nenhum parlamentar estará fora desse projeto”, apontou Marcos Rogério (DEM-RO). É esperar para ver.