O presidente eleito Jair Bolsonaro participou nesta terça-feira (6) de seu primeiro ato no Congresso Nacional após vencer as eleições de outubro. Ao lado de autoridades como o presidente Michel Temer, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli, a procuradora Raquel Dodge e a cúpula do Congresso, Bolsonaro esteve no ato que celebrou os 30 anos da Constituição de 1988.
Bolsonaro não falou com os jornalistas. Fez um discurso breve, da mesa da Câmara, em que disse que a Constituição é seu “norte”. A calmaria contrariou um clima tenso instalado nos últimos dias, devido à restrição que havia sido imposta à presença de jornalistas – mesmo os credenciados para a cobertura – no plenário da Câmara. A proibição acabou derrubada pelo presidente do Congresso, o senador Eunício Oliveira (MDB-CE).
Além das principais autoridades da República, o ato desta terça reuniu veteranos e novatos de Congresso. Entre os experientes, estava o ex-deputado federal e eterno candidato presidencial José Maria Eymael (DC-SP). “Parece que foi ontem”, disse, em referência à Constituinte, da qual foi membro. “Me emocionou muito foi ver vários oradores assinalarem o inciso primeiro do artigo terceiro da Constituição: construir uma sociedade livre, justa e solidária. Eu sou o autor deste texto”, celebrou.
Do lado dos novatos, o deputado federal eleito Alexandre Frota (PSL-SP) disse esperar que a nova geração de parlamentares “possa dar continuidade ao trabalho dos que fizeram a Constituição”. Frota também disse considerar que o vice-presidente eleito, General Mourão, “falou com propriedade” quando propôs a elaboração de uma nova carta, elaborada por um comitê de notáveis.
Novos tempos
A bancada do PSOL permaneceu na sessão solene em homenagem à Constituição mesmo quando o plenário estava vazio. Como esperado, com críticas a Jair Bolsonaro. O deputado Ivan Valente (SP) disse que o presidente eleito “rasga a Constituição” ao defender torturadores e elogiar o regime militar. Valente também lamentou que o formato do evento desta terça o impediu de falar diretamente a Bolsonaro: “eu iria dizer a ele que ele devia desengatilhar as armas e governar para a maioria. A sociedade brasileira não tolerará menos democracia, arrocho salarial, perda de direitos, e assim por diante”.