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As eleições suplementares de Tocantins, realizadas no domingo (24) e que elegeram Mauro Carlesse (PHS) para um mandato-tampão no governo do estado, indicaram o triunfo do “não-voto”. Somados, os votos de Carlesse e de seu adversário, Vicentinho Alves (PR), foram inferiores aos votos brancos, nulos e ao total de eleitores que não compareceram às urnas.

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O ocorrido motiva, no mínimo, duas interpretações. A primeira é de que desmente um dos boatos mais célebres da política nacional, o de que uma grande quantidade de votos nulos pode cancelar uma eleição. Algumas versões mais “refinadas” do boato chegam a afirmar que o cancelamento seria acompanhado de uma suspensão aos políticos envolvidos no pleito, e que por isso o voto nulo seria uma boa oportunidade de “limpar a política”…

A outra interpretação é a de que a eleição no Tocantins materializa a insatisfação dos brasileiros com a classe política. Até por não ser uma condição restrita ao estado: a corrida presidencial tem visto diversas pesquisas em que os votos nulos e brancos são mais numerosos do que os destinados aos candidatos. Por exemplo, no último levantamento produzido pelo Datafolha, o branco/nulo ficava em 23% na pesquisa espontânea, patamar que é quase o dobro do primeiro pré-candidato selecionado pelos eleitores, Jair Bolsonaro (PSL), que somou 12%.

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Políticos que conversaram com o blog A Protagonista sobre o resultado das eleições no Tocantins e a sinalização das pesquisas sobre a disputa presidencial concordam que o recado é inequívoco e que mostra a bronca da população com a classe política. “Há um desânimo generalizado em relação a esse quadro de candidatos, de políticos, e de situações escandalosas que o Brasil enfrenta indefinidamente. Um descrédito generalizado”, disse o deputado federal Osmar Serraglio (PP-PR).

Para o também deputado federal Eder Mauro (PSL-PR), o quadro é uma resposta “nua e crua” da sociedade aos políticos. O parlamentar, no entanto, acredita que a condição irá se alterar na campanha presidencial, quando os candidatos apresentarem suas propostas à sociedade.

Já Érika Kokay (PT-DF) cita preocupação com o que ela chama de “criminalização da política”. “O fato de existirem políticos que precisam responder pelos seus atos não é uma salvaguarda para que venham criminalizar a política enquanto instrumento de transformação da realidade social”, destacou.