Enquanto a eleição presidencial de 2018 parece estar definida – a ponto de aliados de Jair Bolsonaro (PSL) já negociarem a transição com Michel Temer -, a semana do segundo turno de 2014, nessa mesma altura, reforçava o grau de imprevisibilidade que marcou aquela disputa.
Os jornais destacavam na terça-feira da semana do segundo turno, o dia 21 de outubro de 2014, a reação da presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição. Ela ultrapassara o adversário Aécio Neves (PSDB) pela primeira vez no Datafolha em pesquisa divulgada no dia anterior. Os 52% marcados pela petista, contra os 48% do tucano, ainda indicavam empate técnico entre as candidaturas, mas o resultado apontava uma dianteira do PT – que acabou se confirmando.
À época, a análise de analistas era que a vantagem que Dilma começava a abrir era motivada também pela elevação da rejeição a Aécio. Como a candidatura do tucano só despontou na reta final no primeiro turno, ele foi inicialmente poupado de ataques dos adversários, especialmente do PT – que se direcionaram principalmente a Marina Silva, à época no PSB, que por muito tempo despontou como a principal adversária de Dilma. Chegado o segundo turno, porém, Aécio recebeu ataques relativos a diversos temas, indo desde a crise hídrica que marcou São Paulo, então administrado pelo PSDB, até o controverso episódio do aeroporto de Cláudio (MG), construído pelo governo tucano em terras pertencentes à família de Aécio.
Outro episódio que ajudou a arranhar a imagem de Aécio foi a reação dele a uma pergunta de Dilma no primeiro debate do segundo turno, na Band. Ao ser questionado pela petista sobre o aeroporto de Cláudio, o tucano respondeu chamando a adversária de “leviana”. O uso da palavra foi explorado pelos adversários de Aécio – segundo eles, a ação mostrava que o tucano não respeitava as mulheres e indicaria desequilíbrio emocional.
À parte da disputa eleitoral, a Gazeta do Povo destacava naquele 21 de outubro de 2014 uma declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi questionado sobre a campanha de 2018: “Quando chegar na eleição de 2018, estarei com 72 anos. Nós temos que ter [isso] em conta. se depender de mim, não serei candidato”. Lula quis ser candidato em 2018, mas, condenado em segunda instância, teve seu pleito barrado pela Justiça Eleitoral.