Lituânia fortificou sua fronteira com Belarus após o início da guerra na Ucrânia.| Foto: Valdemar Doveiko/EFE/EPA
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França, Alemanha, Itália, Áustria, Dinamarca, Eslovênia, Noruega, Suécia, Finlândia, Lituânia e Coreia do Norte estão todos restringindo, fortificando ou aumentando os controles nas fronteiras. Depois de décadas de Espaço Schengen, de livre circulação, de fronteiras abertas, cooperação. regionalização e globalização, os fechamentos de fronteiras estão voltando.

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A França retomou controles desde maio, devido às ameaças de terrorismo, às “pressões nas fronteiras externas de Schengen” e ao aumento significativo de entradas provenientes da Turquia e do norte da África. A medida foi intensificada durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. A Alemanha também aumentou os controles fronteiriços – “queremos reduzir ainda mais a imigração ilegal”, declarou a ministra do Interior, Nancy Faeser. A decisão gerou tensões com vizinhos: o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, chamou a medida de “inaceitável”, e o ministro do Interior austríaco declarou que seu país não vai aceitar nenhum solicitante de asilo recusado pela Alemanha. Mas também a Áustria reintroduziu controles nas fronteiras com a Tchéquia, com a Eslovênia e com a Hungria, também alegando questões de terrorismo, imigração ilegal, pressões devidas à guerra entre Israel e Hamas, ciberfraudes e atividades de espionagem ligada à guerra na Ucrania.

A Itália instaurou controles na fronteira com a Eslovênia devido ao encontro do G7, realizado em junho passado, e ao risco terrorista, junto com as desordens no Oriente Médio. A Eslovênia, por sua vez, também instaurou controles nas fronteiras com Croácia e Hungria; as motivações são a “instabilidade no Oriente Médio, invasão da Ucrânia, crime organizado e ameaças terroristas”. Luxemburgo também expressou preocupação com suas fronteiras.

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Apesar de todas as iniciativas como o Espaço Schengen, as fronteiras nunca foram embora totalmente; agora, elas estão apenas voltando com mais força

Na Escandinávia, a Noruega reforçou controles em todos seus portos com conexões com o Espaço Schengen desde maio. A motivação, nesse caso, é “o aumento de ameaças à infraestrutura critica, operações de inteligência russa que ameaçam as exportações norueguesas de gás e de suporte militar para a Ucrânia”.A Dinamarca também aumentou os controles nas fronteiras com a Alemanha e nos portos que a conectam com o país teutônico, alegando ameaças terroristas, espionagem Russa, o conflito em Israel e um caso de profanação do Alcorão, em 2023, que renovou a atenção nos grupos islâmicos.

A Suécia também aumentou seus controles fronteiriços devido à guerra entre Israel e Hamas e à ofensiva em Gaza, que “aumentaram o risco de forte violência e ataques motivados pelo antissemitismo e graves ameaças à segurança interna”.Por fim, a Finlândia restringiu o acesso a vários portos com conexão com a Rússia e fechou alguns postos na fronteira com a Rússia com prazo indefinido, alegando um aumento de imigrantes russos orquestrado por Moscou para desestabilizar o país.

A Lituânia foi ainda mais longe: fortificou sua fronteira com Belarus usando minas, “ouriços tchecos” e dentes de dragão, anunciando um investimento de 600 milhões de euros para se fortificar ainda mais. Aqui, o medo é de uma invasão militar russa ou de seus aliados bielo-russos.

Nos Estados Unidos, como bem sabemos, Trump conseguiu construir parte de seu famoso “muro” no primeiro mandato. Mas este não é o único muro que divide países atualmente: existem mais de 70 deles ao redor do mundo, a maioria na Ásia. A fronteira entre Coreia do Sul e Coreia do Norte já uma das mais militarizadas do mundo, mas recentemente a ditadura socialista explodiu uma estrada que conectava os dois países. Na prática, já não passava ninguém, mas o valor simbólico do ato é grande.

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No Brasil não tivemos muitas mudanças; no máximo, alguns militares foram enviados para vigiar a fronteira com a Venezuela, devido às crescentes ameaças do ditador Nicolás Maduro contra a Guiana.

Muitas dessas medidas são temporárias, com duração prevista até dezembro. Mas sabemos como isso funciona. É gradual: aprova-se por um tempo, depois estende-se o prazo e por fim torna-se eterno; o que começa como uma emergência depois vira normalidade.

Além dos ideais, a verdade é que as fronteiras são algo normais. Todos os animais as têm para delimitar a área de seu grupo. Apesar de todas as iniciativas como o Espaço Schengen, as fronteiras nunca foram embora totalmente; agora, elas estão apenas voltando com mais força.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]