O mundo enfrenta hoje um enorme aumento de distúrbios psicológicos e psiquiátricos; a saúde mental está piorando. Ansiedade, depressão, TDAH, esquizofrenia, bipolaridade, distúrbios da alimentação etc. vêm aumentando. Não se trata apenas de um melhor diagnóstico de doenças que antes passariam despercebidas ou seriam confundidas com outro mal; o aumento é verdadeiro. Isso é corroborado pelo fato de que os suicídios também estão aumentando – a idade média está diminuindo e o fenômeno está se feminizando –, bem como os casos de self-harm (automutilação, autoenvenenamento etc.) também. O uso de psicofármacos cresce exponencialmente. Na história, essa época ficará conhecida por essa pandemia de distúrbios mentais.
Esta é uma tendência global, mas dados de vários centros de pesquisa e organizações internacionais, coletados pelo Our World in Data e pelo World Population Review,mostram que o Brasil está pior que a média e ocupa posições muito preocupantes nos rankings. O Brasil detém o segundo lugar na incidência de casos de transtorno bipolar (1,08%, atrás apenas da Nova Zelândia, com 1,38%) e de ansiedade – que atinge 9% da população, atrás apenas de Portugal (9,7%) –; quinto lugar em incidência de depressão (5,8% da população, atrás de Ucrânia, EUA, Estônia e Austrália) e sexto em casos de TDAH (incidência de 2,5%, menor apenas que França, Irlanda do Norte, México, Holanda e Bélgica).
O Brasil também é o segundo país onde mais pessoas conhecem amigos ou familiares que tiveram ansiedade ou depressão, com 61,7%; o terceiro onde mais pessoas (77,5%) acham extremamente importante que o Estado subsidie pesquisas sobre ansiedade e depressão; e o terceiro onde as pessoas se engajam em atividades religiosas/espirituais para se sentir melhor quando estão com ansiedade ou depressão (53,7%, atrás de Nigéria, com 79,6%, e Zâmbia, com 77,4%.
O psicólogo e professor Jonathan Haidttem extensa pesquisa sobre esse assunto; no livro The coddling of the American Mind, diagnostica esse aumento exponencial global e oferece algumas possíveis causas, com o excesso de telas, celulares e redes sociais; a falta de amizades; e a falta do hábito de as crianças brincarem livres sem ser supervisionadas. Haidt demonstra que, além de haver um aumento nos casos de ansiedade, depressão, self-harm, suicídios e hospitalizações psiquiátricas, essa elevação é ainda maior entre adolescentes e a Geração Z. Especialmente os mais jovens estão muito sujeitos a esses problemas: 38,5% das pessoas com ansiedade e depressão tiveram os primeiros sintomas até os 29 anos de idade, segundo o Global Welcome Monitor.
Fala-se de “doenças do bem-estar” exatamente por isso. Paradoxalmente, é a geração com uma vida melhor a que passa por esses problemas. Fala-se também de “doenças de primeiro mundo”, pois geralmente tais males são mais presentes nos países ricos e entre as classes mais altas. O Brasil, no entanto, mesmo sem ser rico, já tem dados preocupantes. Os países com maior incidência de ansiedade, por exemplo, são quase todos ricos: Portugal, Nova Zelândia, Alemanha, EUA, Itália, Holanda, Luxemburgo e... o Brasil.
Ficamos doentes sem antes ficar ricos. Uma grave emergência ainda subestimada.
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