As micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) respondem por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado. O colapso delas e consequentemente de mais de 16 milhões de empregos passa pela necessidade de caixa. Essa necessidade, sobretudo neste momento de crise, pode ser atendida por um tema ainda pouco conhecido do grande público: o crowdfunding de investimento ou investimento colaborativo. Com este objetivo, tanto fintechs como grandes bancos estão se movimentando em busca de soluções.
A CrowdInvest e ABFintechs, que reúnem 26 plataformas homologadas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), instada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), em poucos dias produziu e apresentou, com boa receptividade, um elenco de soluções criativas. O projeto tem apoio de Adolfo Menezes Melito, presidente da Crowdinvest, além de Diego Perez e Paulo Deitos, diretores da ABFintechs (Associação Brasileira de Fintechs), que também são empreendedores de plataformas dentro da CrowdInvest.
A iniciativa conta ainda com suporte de renomados escritórios de advocacia, como Barcellos Tucunduva, Tozzini & Freire, Stocche Forbes, Godke, Gomes Altimari e VBSO. Além disso, nos últimos cinco anos já foram produzidas 230 ofertas (oferta pública de valores mobiliários), que levantaram pouco mais de R$ 200 milhões para startups e projetos imobiliários.
O principal eixo da proposta é o uso dos fundos represados do cartão BNDES - hoje emitido pelos agentes financeiros. Atualmente, 700 mil empresas possuem o cartão e podem "adquirir" produtos e serviços previamente cadastrados no site do BNDES por 30 mil fornecedores nacionais - são cerca de 300 mil itens entre máquinas, equipamentos, serviços, software e assemelhados.
A proposta de operacionalizar o modelo em crowdfunding funciona com o modelo-dívida, onde para cada R$1 emprestado pela crowd, é disponibilizado R$1 através do cartão, com fundos do BNDES.
A iniciativa sugere o uso do Fundo Garantidor do BNDES e/ou Sebrae para investidores privados e também busca viabilizar um modelo de garantia para MPMEs - seguro de crédito, fundo garantidor, fundo de aval etc, como já existe em outros mercados. A vantagem aqui é que, ao invés das medidas de liberação de recursos que hoje socorrem as empresas em situação de quase inatividade, essa medida tem repercussão no mercado de crédito para MPMEs no futuro.
Mas esse movimento não se restringe apenas aos grandes bancos: startups também estão se movimentando para encontrar soluções. A ABFintechs, em conjunto com outras empresas do segmento, anunciou que vai encaminhar ao Banco Central uma série de sugestões de medidas para viabilizar crédito para MPMEs brasileiras.
Algumas medidas foram detalhadas por Renan Schaefer, da startup financeira a55, neste artigo. Elas incluem medidas de curtíssimo prazo, como aportes por parte do BNDES, FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) e Tesouro Nacional em Fundo de Investimento em Direitos Creditórios, em cotas sub e mezanino para liberar liquidez para fomento ao crédito, garantidos em parte por recebíveis futuros de empresas e fundos garantidores; e parceria do BNDES, FINEP, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bancos e Agentes de Fomento Regionais com fintechs para capilarização de crédito para MPMEs.
Seja do lado dos grandes bancos ou das fintechs e startups, os esforços estão voltados para garantir condições de sobrevivência das MPMEs no Brasil, ajudando também a evitar um impacto mais grave na economia. Como diz um amigo e professor do MasterClass em Governança & Nova Economia, Courtnay Guimarães: “em tsunami não se surfa, se sobrevive”. O oxigênio pode estar a caminho.
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