“O inesperado nos torna frágeis e propõe recomeços”, diz a frase de Machado de Assis. Inimigos sanitários ou cibernéticos podem ser invisíveis, mas isto não quer dizer que sejam exatamente inesperados.
No país em que só mesmo o acaso nos protege enquanto andamos distraídos, desastres como o novo coronavírus (Covid-19) podem ser, no mínimo, recomeços. E para isso um salve aos tempos hiperconectados de novas formas de poder.
Foi o que aconteceu com o movimento #StartupsVsCovid19, que em apenas 15 dias gerou mais de três milhões de interações nas redes e recebeu mais de 900 cadastros de startups, 140 voluntários, além de grandes empresas, instituições, personalidades aderindo ao movimento. E, claro, repercussões na mídia - do Brasil ao outro lado do mundo.
A iniciativa, criada pela Comunidade Governança & Nova Economia (Gonew.co), busca mapear as soluções das startups que possam contribuir direta ou indiretamente para a crise do Covid-19 e seus efeitos. É apoiado pela ABStartups (Associação Brasileira de Startups) de Amure Pinho, ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software) de Rodolfo Fücher, Ministério da Economia, Instituto Governança & Nova Economia, SEBRAE, escritório jurídico Arns & Andreazza e caminha em parceria com os movimentos Tech4Covid de Portugal, SOS COVID-19 do Rio de Janeiro e Paraná Inovador.
São mais de 100 voluntários espalhados em frentes de trabalho lideradas por Danilo Juari, Euriale Voidema, Fabiano Leite, Fabrício de Oliveira, Fernanda Alcantara, Gleice Santos, Guilherme Sand, Juliano Izaguirre, Nastassia Castro, Nathalia Calil, Olívio Souza, Renê Guzmán, Ronaldo dos Santos Neto, Tatiana Oddone e Valeria Miccuci. No momento, o principal foco é a curadoria das 900 startups. 179 delas já passaram por esse processo e estão listadas no site do movimento.
Além disso, empresas, empresários e inovadores estão compartilhando experiências e soluções por meio da hashtag com o objetivo de levar a iniciativa ao maior número de pessoas e também fomentar a informação sobre a inovação aplicada diretamente à crise.
Das 179 startups mapeadas até aqui, 18 se enquadram na categoria Conscientização, 17 em Prevenção, 14 em Diagnóstico, 12 em Tratamento e 118 em Utilidades & Trabalho Remoto. Do total, as regiões Sudeste e Sul concentram o maior número de empresas, 108 e 48 respectivamente. Somam-se a elas dez do Nordeste, oito do Centro-Oeste, além de cinco internacionais. Todas focadas em criar, repensar e solucionar desafios na crise do coronavírus.
A crise deve oferecer muitos desafios nos próximos dias, sejam sanitários ou econômicos. Mas há algo diferente agora: as startups e o ambiente de inovação estarão lá para fazer diferença e aplicar “anticorpos” decisivos.
Eles são formados não apenas das soluções que oferecem, mas guardam no seu DNA algumas características que agora, em meio ao caos, são absolutamente necessárias: o convívio próximo da escassez de recursos, a incerteza de não saber o dia de amanhã, a rapidez como muitos empreendedores redirecionam suas empresas e soluções, e a ousadia “daviana” de enfrentar os grandes problemas da sociedade.
O mundo não vai mudar. Já mudou. E veio de encontro justamente ao ecossistema em que os velozes e corretos sempre estiveram. Entre riscos e oportunidades inesperadas esse lugar é de todos: chega mais! Em rede, em comunidade, em jornadas hiperconectadas na busca por boas e rápidas decisões. Esse é o lugar em que um movimento só é um movimento se ele se move com você.
Compartilhe a hashtag nas redes sociais, cadastre suas soluções ou entre para o time de voluntários. As inscrições estão abertas pelo site.