Por Guilherme Macalossi
Entre as décadas de 1940 e 1950, países como Venezuela, Argentina e Brasil foram governados por lideranças fortes e carismáticas que se inspiravam nos regimes fascistas existentes na Europa. Nesse conjunto é possível citar Márcos Perez Jimenez, Juan Domingo Péron e Getúlio Vargas, três ditadores que, respectivamente, governaram esses países nessa mesma época.
Nos últimos vinte anos, entretanto, o que se viu foi o surgimento de uma nova geração de populistas no continente. A retórica personalista permaneceu, mas agora misturada com teses socializantes.
Após a queda do Muro de Berlim, a esquerda encontrou na América Latina o ambiente adequado para organizar o que havia perdido com a dissolução da União Soviética. Líderes como Lula, que havia fundado o PT no Brasil, e Fidel Castro, que comandava uma ditadura comunista em Cuba, criaram o Foro de São Paulo - entidade que seria responsável por articular uma estratégia continental de tomada de poder por partidos e organizações socialistas.
Foi depois disso que se viu a ascensão de figuras como o próprio Lula e outros, incluindo Hugo Chávez, Nicolas Maduro, Evo Morales, Rafael Correa, Dilma Rousseff, José Mujica, Nestor Kirchner, Cristina Kirchner e, mais recentemente, López Obrador. Todos, em maior ou menor grau, compartilhando a mesma visão de mundo e a mesma agenda política. Sob seus governos, os países da América Latina viram o crescimento do gasto público, da inflação, da violência urbana, do endividamento, do desemprego e do crescimento desmesurado da ação estatal. Junto a tudo isso, a malversação dos recursos públicos, que já era prática corrente, tornou-se instrumento para a manutenção do poder. As revelações da operação Lava Jato escancaram o modelo de financiamento espúrio que foi montado para dar sustentação a esse conjunto de governos.
Em sua entrevista ao “Imprensa Livre”, a jovem Gloria Álvarez, que tem andado pela América Latina em uma cruzada contra os novos populistas, chama atenção para o fato de que a corrupção anda de mãos dadas com o socialismo. Na visão dela, o socialismo se edifica na construção de uma burocracia estatal poderosa que, necessariamente, permitirá condições mais adequadas para negociatas, trocas de favores e politicagem.
A cientista política guatemalteca, que recentemente lançou no Brasil o livro “O embuste populista”, explica que o populismo desperta tantas paixões por que é “um mecanismo de manipulação psicológica”:
“O populismo utiliza a vitimização, a polarização, promessas econômicas que não tem nenhuma lógica. Fala de dar tudo de graça, subsídios, crescimentos econômicos absurdos, como se o governo fosse responsável pela criação de empregos. Então, nesse combo, os latino-americanos se fascinam, porque nós temos uma espécie de Síndrome de Estocolmo. Estamos apaixonados por nosso sequestrador, nos queixamos de que o governo é ladrão, que é corrupto, mas queremos que o governo seja nosso educador, nosso médico, nosso psicólogo, nosso cozinheiro, queremos que o governo faça tudo. E um governo que faz tudo, rouba em tudo”.
Acompanhe a íntegra da entrevista que Gloria Álvarez concedeu a Alexandre Borges e aprenda mais sobre o fenômeno do populismo em nosso continente, o modo como a esquerda atua e também sobre o feminismo como agenda ideológica.