Caros amigos e assinantes da Gazeta do Povo, o comentário desta terça, 19 de maio, fala da enquete que promovemos sobre quem seria o ministro da saúde preferido do nosso público, dadas três opções:
O deputado federal do DEM e ortopedista Luiz Henrique Mandetta, 55 anos, que esteve à frente da pasta desde o início do governo Bolsonaro, em 1 de janeiro de 2019, até pedir demissão em 16 de abril de 2020.
A segunda opção era o oncologista e gestor Nelson Teich, 62 anos, que sucedeu a Luiz Henrique Mandetta e ficou apenas 27 dias no cargo. O discreto Teich tinha uma sólida experiência na iniciativa privada como consultor de empresas de saúde, incluindo o Hospital Albert Einstein de São Paulo.
A terceira opção dada foi o polêmico médico, ex-sindicalista e deputado federal Osmar Terra, do MDB, 70 anos, ex-ministro do Desenvolvimento Social no Governo Temer e atual ministro da Cidadania do governo Bolsonaro.
Terra foi filiado ao partido comunista do Brasil da juventude e participou da resistência ao governo militar na época. Sua namorada dos tempos de faculdade e atual esposa, a psicóloga Mônica Tolipan, foi presa três vezes e alegadamente torturada pelo ex-chefe do DOPS Carlos Alberto Brilhante Ustra, figura sempre homenageada pelo presidente, seus familiares e seu entorno.
Osmar Terra é um dos mais abertos defensores hoje no Brasil do relaxamento das regras de isolamento social. Segundo o site jornalístico “Aos Fatos”, Osmar Terra foi o parlamentar que mais divulgou notícias falsas, segundo os critérios do próprio site, sobre o COVID-19.
Esta enquete da Gazeta do Povo não tem caráter científico, mas é sintomática por ter sido feita com leitores e simpatizantes da Gazeta do Povo, um recorte de público que, podemos assumir, é mais simpático ao governo e ao presidente Bolsonaro do que a média da população brasileira, portanto é lícito supormos que uma pesquisa realizada com a população em geral poderia dar um resultado menos positivo ainda ao governo e a Osmar Terra.
A escolha dos três nomes obedeceu a um critério claro: são três médicos, dois deles sendo os últimos ocupantes do cargo de ministro da saúde e o último um nome sempre cotado por ser ministro deste governo e por ter uma voz muito ativa no debate, seguindo uma linha de defesa radical das posições do presidente Bolsonaro e que não seguem, em linhas gerais, as orientações da OMS, dos antecessores na pasta e da quase totalidade dos países do mundo.
Luiz Henrique Mandetta seria portanto um nome com experiência sólida na medicina e na política, que enquanto esteve à frente do ministério durante a pandemia conduziu longas e regulares entrevistas coletivas, seguindo as orientações que representam o consenso científico mundial e sendo regularmente desautorizado pelo presidente, o que terminou com a sua demissão.
Seu substituto, Nelson Teich, era um reconhecido gestor da área médica, sem passado na política e um apoiador do presidente Bolsonaro. Teich seguiu a orientação do seu antecessor e da comunidade médica internacional, foi igualmente desautorizado pelo presidente e acabou saindo em menos de um mês.
Mandetta havia sido acusado de ter as opiniões que tinha por motivações políticas, argumento que perdeu força na gestão de Nelson Teich, um médico totalmente fora da política e, como cidadão, um eleitor de Jair Bolsonaro.
Já Osmar Terra seria um nome de alguém com uma longa história na política e com posições públicas totalmente alinhadas com as do presidente e da sua ala ideológica, que rotulam as medidas adotadas no Brasil e no mundo com ineficientes, ditatoriais e um atentado contra as liberdades individuais.
São posições seguidas por uma parte do empresariado que apóia o presidente, patrocina alguns de seus defensores nas redes sociais e repete slogans de gosto duvidoso como “haverá mais falências do que falecimentos” e “vão morrer mais CPNJs do que CPF”, como se isso fosse algo ruim.
Vamos ao resultado da enquete
Em primeiro lugar, veio Luiz Henrique Mandetta com 44% dos votos. Em segundo, Osmar Terra com 31%. Em terceiro, o breve Nelson Teich com 25%.
Se somarmos os dois candidatos com posições alinhadas com a comunidade científica e os principais países do mundo, teremos aproximadamente 70% dos votos a favor da linha adotada por Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich contra 30% que apoiam a posição do presidente Bolsonaro e de Osmar Terra, um resultado coerente com os índices de popularidade do presidente.
O recado que fica da enquete: a maioria silenciosa do país não quer aventuras e não concorda com a extrema politização da pandemia. Mesmo sofrendo as duras consequências da quarentena e da recessão econômica, o brasileiro prefere continuar vivo.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS