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Alexandre Borges

Alexandre Borges

Apoiar candidato que perde para Lula é ajudar Lula. Lide com isso

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Uma das incontáveis leviandades de governistas, milicianos digitais e microfones de aluguel é rotular de "esquerdista", "petista", "comunista", "psolista" ou algo semelhante todos que não tenham como ocupação principal prestar serviços de assessoria de imprensa oficial ou oficiosa para o poder. Será mesmo? Aos fatos.

Estamos a mais de 500 dias do primeiro turno da próxima eleição presidencial e, literalmente, tudo pode acontecer. É fato que Lula e Bolsonaro são os políticos mais populares do país desde o impeachment de Dilma Rousseff, o que coloca ambos como possíveis protagonistas do próximo pleito, mas esta é apenas uma parte da história. Senão, vejamos.

Desde a aprovação da emenda constitucional que voltou a permitir a reeleição em 1997, os presidentes que disputaram um novo mandato levaram vantagem. FHC (1998), Lula (2006) e Dilma (2014) conseguiram mais quatro anos e, caso Bolsonaro perca a eleição do ano que vem, será uma derrota inédita, como analisado aqui. Neste ponto da disputa, é impossível prever.

O que temos de mais concreto é a última pesquisa PoderData 360, o mais completo levantamento do humor do eleitorado do país que temos à disposição, realizado a partir de 3.500 entrevistas e com margem de erro, segundo o instituto, de apenas 1,8%. Os resultados são devastadores para o presidente que, repito, tem toda condição de reverter o quadro, por mais desfavorável que pareça no momento.

A pesquisa mostra Lula próximo de Bolsonaro no primeiro turno (34% x 31%), mas o petista dispara no segundo turno abrindo 18 pontos de vantagem (52% x 34%) dos votos totais, uma goleada. Completam o resultado os votos nulos e brancos (13%) e mais 1% de "não sabe". Em 2018, Bolsonaro venceu Fernando Haddad por 55,13% x 44,87% dos votos válidos.

A vantagem do ex-presidente é ainda mais robusta quando se sabe que 37% dos pesquisados disseram que "só votariam nele", 18% "poderiam votar" e 41% "não votariam de jeito nenhum", a menor rejeição entre todos os nomes testados, o que inclui, além do próprio Lula e Bolsonaro, Luciano Huck, Ciro Gomes, João Dória e Sérgio Moro que, segundo matéria da revista Veja publicada hoje, não disputará a presidência. A rejeição ao atual presidente aparece em estratosféricos 50%.

As simulações de segundo turno são ainda mais surpreendentes quando Luciano Huck, o apresentador sem partido que sequer assumiu sua intenção de disputar a presidência, aparece vencendo Bolsonaro com uma margem significativa (48% x 35%). O presidente não supera, fora da margem de erro, nenhum dos outros três adversários testados, ficando empatado com Ciro Gomes (38% x 38%) e tecnicamente colado em João Dória e Sérgio Moro (38% x 37%, nos dois casos). E os nomes de Luiz Henrique Mandetta, Danilo Gentili, Alexandre Kalil e Eduardo Leite ainda correm por fora.

A lembrança destes números, uma verdade inconveniente para muitos, deixa claro que colocar todas as fichas em Jair Bolsonaro no momento, um candidato que perde de quase 20 pontos para Lula no segundo turno, é fazer o jogo do petista. Não é questão de opinião ou gosto e, como diria Ben Shapiro, "fatos não ligam para seus sentimentos". Por mim, Lula sequer teria deixado o xilindró, mas minha rejeição pessoal a ele não muda a realidade.

Pense nisso toda vez que um embusteiro ou oportunista inescrupuloso chamar de "petista" quem não está indo às ruas para defender o "mito". No momento, o mais prudente (e conservadorismo, em essência, é nada mais que prudência) é ter uma mente aberta para possibilidades e deixar para escolher o "anti-Lula" faltando poucas semanas para a eleição. Ou então apostar numa zebra e eleger Lula.

Se esta for a opção de alguém que você conhece, seja sincero: quem é o petista aqui? OK, sinceridade não é o forte de militante, não espere que ele assuma o que está fazendo. Basta você, leitor que busca a verdade, reconhecer o óbvio e fazer algo a respeito. Ou pavimentar o caminho para um terceiro e nefasto mandato do ex-presidiário.

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