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Aos 36 anos, o deputado federal André Janones (Avante-MG) chamou a atenção do país quando bateu o recorde de mais de três milhões de espectadores numa live transmitida pelo Facebook. Terceiro deputado mais votado do seu estado, o advogado nascido em Ituiutaba (MG) conseguiu emplacar há dois anos sua afilhada política, Leandra Guedes (Avante), como prefeita. Ele agora sonha com o Palácio do Planalto e conta seus planos nesta entrevista exclusiva para a Gazeta do Povo,
O sr. é sempre tratado como "fenômeno das redes sociais", mesmo no seu quarto ano de mandato como deputado federal. O sr. acha esse tratamento depreciativo? Como o sr. define seu mandato parlamentar até o momento?
De fato é um preconceito de quem vive em bolhas. Mas as redes sociais, sem dúvida alguma, constituem a ferramenta que me permite estar à frente de pré-candidatos que estão todos os dias na mídia há muito tempo. Vejo um preconceito daqueles que não fazem política diretamente com as pessoas.
Não sou um Youtuber, Influencer, enfim, nada disso. Com as atividades do Congresso parcialmente paralisadas em virtude da pandemia, fiquei dois meses sem fazer um post. Faço política na vida real e me comunico na rede social. Minhas redes sociais explodiram porque o povo encontra ali um jeito de fazer política e exercer democracia.
A chamada "terceira via", mesmo com desempenho insatisfatório nas pesquisas, parece ignorar seu nome como alternativa do grupo. A que o sr. atribui esse fato?
Há uma dificuldade de as pessoas entenderem que política não se faz de cima para baixo. O eleitor não admite mais ser coadjuvante nas eleições. O cidadão quer protagonismo. Quem acha que ainda estamos na política do Café com Leite, não tem mais espaço. Acabou o tempo que três engomadinhos decidiam as eleições.
Tem aquele que perdeu as prévias e continua fazendo tudo como se fosse pré-candidato. Tem outra candidata que não é candidata do seu partido e mantém seu nome. Tem uma coisa que precede a democracia: respeito às regras e instituições. E não há como falar democracia sem falar em instituições. Para ser candidato, precisa de um partido. Ninguém é candidato de si próprio. Pessoas que não respeitam as regras se apresentam como alternativa para o Brasil.
Nesse cenário todo, minha pré-candidatura sai consistente. Quem sou eu? Represento uma candidatura popular e com propostas para um novo Brasil. E o povo percebe isso com clareza, tanto que na faixa daqueles que ganham até um salário mínimo, os que mais sofrem com o país assim, já apareço em destaque em diversas pesquisas.
Há espaço para uma candidatura viável à presidência fora da polarização Lula/Bolsonaro na sua avaliação? Já há uma estratégia de campanha definida?
Em um país onde um terço das pessoas vive com até um salário mínimo, estou muito bem posicionado nessa faixa em diversas pesquisas. Portanto, minha pré-candidatura é muito viável.
Como o sr. se define ideologicamente? Entre Lula e Bolsonaro, qual dos dois o sr. acredita ter mais afinidades?
Não me defino ideologicamente. Isso, inclusive, prejudica demais o Brasil. Defendo pautas de interesse do povo brasileiro, ou seja, quando o assunto é bom para o povo, posso estar no centro, esquerda ou direita.
Qual seria a prioridade do seu governo no primeiro ano? É possível implementar seu programa sem maioria no Congresso?
Num país assolado pela miséria e desigualdade social, a prioridade sempre são ações concretas para diminuir a miséria. Entre os projetos estão a reforma tributária, afinal, qualquer mudança concreta na sociedade passa pela redistribuição do PIB. Quem ganha milhões, não pode pagar o mesmo que os mais pobres.
O sr. acha que o governo Bolsonaro criou uma má vontade nos formadores de opinião em relação a candidatos fora do sistema político tradicional? Como vencer essa barreira?
Bolsonaro desprezou o jornalismo profissional e, sem responsabilizar os jornalistas, vítimas de tanta grosseria, há um receio de ver novas alternativas. Numa sociedade saudável, os órgãos de imprensa, em que pesem eventuais críticas e divergências de opinião, devem ser respeitados.
Minha candidatura tem compromisso com o jornalismo profissional e com a outra forma de gerar conteúdo, que está nas redes sociais.
Eu estou falando com todas as pessoas, públicos, meios e vou continuar assim.
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