O relatório que recomenda a cassação do deputado estadual por São Paulo Arthur Moledo do Val (União Brasil), 35, foi aprovado nesta terça (12) por unanimidade na Comissão de Ética e agora o processo segue para votação em plenário. Em 2020, o deputado Fernando Cury (União Brasil) assediou a colega de Alesp Isa Penna (PCdoB) em plenário, chegando a tocar seus seios, e foi punido com uma suspensão de 180 dias pelos pares.
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Segundo deputado mais votado no estado em 2018, Arthur Do Val conquistou quase 10% dos votos válidos para prefeito da capital paulista há dois anos. Ele se preparava para disputar o governo do estado quando áudios considerados sexistas sobre mulheres ucranianas vazaram. A sessão foi tumultuada, com militantes contra e a favor da cassação do deputado protestando do lado de fora do auditório.
Nesta entrevista, o deputado, ligado ao MBL - Movimento Brasil Livre, não nega a gravidade dos áudios mas considera que é vítima do "sistema" e denuncia um suposto tratamento diferenciado no seu caso: "Não se trata do que foi falado. Mas quem falou".
A data de votação que pode cassar o mandato do deputado ainda não foi marcada.
A mesma Alesp que deu uma suspensão de 180 dias para um deputado por assediar uma colega está propensa a cassar seu mandato por conta dos áudios vazados. Como você avalia o rigor usado no seu caso comparado com o de Fernando Cury?
Está claro que não se trata do que foi falado. Mas quem falou. É o processo de cassação mais rápido da história, onde fui claramente cerceado do meu direito de defesa. Sequer pude trazer minhas testemunhas da Eslováquia para serem ouvidas.
Eles estão usando isso para tentar me calar, mas não conseguirão. Cortaram minha cabeça, mas mais cabeças nascerão no lugar.
A indignação demonstrada pelos seus pares neste processo é legítima ou você vê outras motivações?
Obviamente é um teatro. Vários deles me disseram que "não vi nada demais nos áudios, mas é a política, né?" Ou "eu mesmo falo coisa pior".
Haja vista a diferença de discurso do meu caso para o caso mais grave do colega que assediou de fato a outra deputada.
Uma eventual cassação sua atinge o MBL? Como ficaria sua relação com o movimento neste caso?
Nenhuma. O pessoal do MBL esteve comigo nos piores momentos e nunca me abandonou. O MBL sabe do meu erro e condenou como deveria, mas sabe também de tudo que eu fiz até aqui e essa injustiça que está sendo feita.
Você foi o segundo deputado estadual mais votado de São Paulo, com quase 500 mil votos. Na sua avaliação, você honrou seu mandato e merece uma chance?
Nunca usei fundo eleitoral, contratei menos da metade dos assessores que poderia, abri mão de carro oficial, motorista, auxílio moradia, entre outros. Gastei zero da verba de mais de 30 mil que teria mensalmente. Fui o deputado que mais acabou com privilégios na história, por exemplo o contrato de publicidade da Alesp de 30 milhões. Isso incomoda o sistema, mas honra meus eleitores.
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