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Ninguém está comentando, mas Mark Zuckerberg montou um programa realmente intrigante de viagem para ele e a esposa que você deveria prestar atenção.
O bilionário de 32 anos está visitando todos os 50 estados americanos para jantar com “gente comum” e conversar. Mas não é qualquer residência que sua assessoria escolhe, ele quer encontrar especificamente eleitores tradicionais do Partido Democrata que votaram ano passado em Donald Trump. Ele quer “entender” essas pessoas.
Na semana passada, Zuckerberg apareceu de surpresa com a mulher para jantar numa casa em Ohio. A família que recebeu o criador do Facebook votou em Obama em 2008 e 2012 mas escolheu Trump na última eleição. Zuckerberg postou uma foto do jantar na sua própria página, veja aqui: https://www.facebook.com/zuck/posts/10103684093863161
Zuckerberg é uma figura realmente interessante porque o que ele está fazendo é exatamente “sair do Facebook” e conhecer gente real, de carne e osso. Como um antropólogo que vai visitar uma aldeia indígena, o menino-prodígio de Harvard foi conversar com americanos fora da bolha que a elite democrata da qual ele e todo Vale do Silício pertencem. Ele foi ver de perto e interagir com essas pessoas estranhas (para ele) que votaram de forma absolutamente surpreendente (para ele) num candidato que representa “a direita” e, para horror de qualquer globalista, um “patriota”.
Eu recomendo que você, sempre que possível, faça o mesmo. Pare um pouco de xingar quem pensa diferente de você na rede de Zuckerberg, saia de casa como ele e vá encontrar essa gente que não faz parte do seu ciclo habitual de convivência. Entenda o que estes cidadãos pensam, como se informam sobre política e o que querem para eles mesmos e para o país. Você vai se surpreender ao descobrir que nem todos são os monstros insensíveis que as discussões virtuais levam a crer.
Quando o Facebook foi acusado de privilegiar notícias de fontes com viés de esquerda como CNN, NYT, Washington Post e The Guardian, entre outros, a primeira providência que tomou foi marcar um encontro pessoal com os principais líderes da “imprensa conservadora”. É assim que se faz. Zuckerberg sabe que é preciso olhar no olho de quem pensa diferente, ouvir, refletir e só depois desenvolver uma estratégia para persuadir essas pessoas do que você pensa, se é que ainda pensa depois de conversar com eles.
É claro que desprezo a agenda política da qual Zuckerberg é um dos representantes mais importantes e influentes, mas é preciso admirar sua tenacidade e disposição de continuar aprendendo e sofisticando seu pensamento. Você pode achar que é mais esperto do que o rapaz que conseguiu todos os 1.600 pontos possíveis no teste de SAT, o ENEM americano, superando os incríveis 1.590 pontos de Bill Gates, outro ex-aluno de Harvard e bilionário precoce do Vale do Silício, mas se você considerar a possibilidade de que ele pode ser mais sagaz do que a média da humanidade, vale a pena acompanhar seus passos, especialmente na política.
Poucos dias após o resultado da última eleição americana, Guga Chacra disse na GloboNews que estava “pensando em se mudar para Ohio” para entender melhor os americanos que vivem fora da sua Nova York. Talvez seja um exagero, Zuckerberg apenas jantou com uma família do estado, o que já é uma pesquisa qualitativa e tanto sobre o americano que virou a casaca e abraçou Donald Trump.
Você p0de achar que Zuckerberg é um hipócrita que está fazendo isso apenas para posar como “homem comum”, como se ele precisasse disso neste ponto da vida em que, aos 32 anos, é um dos homens mais ricos e bem sucedidos do mundo. Eu acredito que ele, mesmo com todo sucesso profissional imaginável para um rapaz desta idade, ainda não perdeu a vontade de aprender com o mundo real, fora dos gabinetes, do Facebook e dos palpites dos jornalistas que moram no eixo NY-Chicago-Washington-Los Angeles. É hora de aprender com ele.
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