Há sempre uma solução bem conhecida para qualquer problema humano: bela, plausível e errada.
H. L. Mencken
O comunismo é a pior idéia da história. A mais assassina e danosa, a que mais trouxe miséria, mortes e destruição. Suas perversões ideológicas deram origem a ditaduras genocidas que criaram a maior máquina de matar que a humanidade conheceu. Não há como relativizar ou edulcorar seu legado sem recorrer a falácias, sofismas e falsidades.
Qualquer bípede que leia “Arquipélago Gulag”, a obra monumental e definitiva de Alexander Soljenítsin, sabe do que estou falando. Soljenítsin ficou onze anos preso num campo de concentração da URSS mas sobreviveu para contar ao mundo não apenas sua experiência pessoal mas também para oferecer uma reflexão única sobre o que levou ao regime, suas implicações reais na vida da população e como as idéias de Marx e Lênin não foram “deturpadas”, muito pelo contrário, o comunismo soviético foi a consequência natural e direta daquela ideologia.
O show de horrores do comunismo soviético pode ser conhecido também assistindo o documentário The Soviet Story, fruto de dez anos de trabalho do diretor letão Edvins Snore e facilmente encontrável na internet, um clássico que deveria ser mostrado nas escolas. Para uma leitura mais leve e não menos contundente, você pode optar pelo recém lançado “Viagens aos Confins do Comunismo”, de Theodore Dalrymple. Se você quiser um levantamento mais completo, nada supera “O Livro Negro do Comunismo”, compêndio que mostra como se chegou ao assombroso número de 100 milhões de mortes desta ideologia nefasta. A bibliografia é tão vasta quanto o mal que o comunismo causou até hoje e continua causando.
A ideologia marxista não foi deturpada porque sua implementação em diversos países, dos mais distintos e distantes, produziu regimes muito semelhantes. Os asiáticos, como Mao na China, Pol Pot no Camboja, Ho Chi Minh no Vietnã e Kim Il-sung na Coréia do Norte, criaram regimes não apenas aparentados entre si como essencialmente iguais aos implementados na URSS, Albânia e em dezenas de países do leste europeu, na África em nações que ainda sofrem com seu legado como Zimbábue, Etiópia, Congo, Angola, Moçambique ou Somália, na América Latina em Cuba, Nicarágua, Venezuela, Bolívia, Equador ou até o Chile de Salvador Allende, entre outros. Quem deturpou Marx foi seu professor comunista de história da escola.
Sendo assim, qual seria a explicação para o comunismo não ter uma fama tão ruim ou pior do que o fascismo? Por que chamar de “fascista” é uma ofensa gravíssima e de “comunista” muitas vezes é visto como um elogio? É nesta questão que está a chave para o entendimento do motivo da criminalização pura e simples do comunismo em países como o Brasil, já tentada outras vezes, não funciona ou vai funcionar para erradicar o mal.
“Nunca odeie seu inimigo. Isso atrapalha o julgamento.”
Michael Corleone (O Poderoso Chefão III)
Como já repetiu exaustivamente o filósofo Olavo de Carvalho, indiscutivelmente uma das maiores autoridades vivas em comunismo no planeta, a ideologia marxista é uma “cultura”, um “oceano de conhecimento” que possui inúmeras formas, variações e manifestações em praticamente todas as áreas do saber além da política, filosofia, história e economia. É possível encontrar a impressão digital do marxismo em disciplinas tão diferentes quanto psicologia, arquitetura, pedagogia, teologia, direito, medicina, administração e aplicações nas artes, no jornalismo, no esporte e até na moda. Se o comunismo é um câncer cultural, é claro que já deu metástase.
O sistema de livre mercado não é apenas um modo de trocas voluntárias baseado na propriedade privada, é também a forma mais avançada já descoberta para criação de riquezas e para promoção da cooperação humana e do bem estar geral da humanidade, e ele funciona na plenitude em sociedades com valores morais bastante arraigados onde os agentes econômicos partilham de um ambiente de confiança, ética e colaboração mútua. É imperfeito e falho como qualquer criação humana, mas sem qualquer paralelo quando comparado às alternativas já tentadas.
O livre mercado e o conservadorismo liberal não são apenas política e economicamente superiores a todos os outros sistemas, são também moralmente defensáveis sob qualquer ponto de vista numa discussão intelectualmente honesta. Mas não é isso que você aprende na escola, na universidade, dos líderes comunitários e religiosos em geral, não é o que você vê no jornalismo atual, nas novelas, filmes, poesia ou nas mais diversas manifestações culturais de hoje. A “classe falante” ocidental dos tempos atuais é tão influenciada e seduzida pelo marxismo original e suas versões quanto possível. É um mal que não se combate com lei.
O fascismo e o nazismo estão proibidos porque as leis que criminalizam a defesa destas ideologias refletem um amplo, sistemático, competente e incansável trabalho de desmoralização cultural do que representaram na história. Em países como o Brasil, onde a guerra cultural contra o socialismo e comunismo é incipiente, vacilante, tímida e restrita a pequenos grupelhos ou vozes isoladas, a criminalização sem a necessária e prévia destruição cultural teria o mesmo efeito da proibição do biquíni por Jânio Quadros.
Após o fim da Segunda Guerra, a Alemanha passou por um processo conhecido como “desnazificação” e que deixou algumas lições que precisam ser devidamente estudadas pelos combatentes do comunismo. Com os julgamentos de Nuremberg, vários nazistas foram condenados e mortos, mas a luta contra o nazismo como ideologia e cultura estava apenas começando. Os símbolos nazistas foram retirados dos espaços públicos, a literatura apologética foi banida, os membros do partido retirados de posições-chave da administração pública, das universidades e instituições culturais, tudo acompanhado de um amplo, transparente e doloroso processo de expiação dos pecados e crimes de guerra do país, um trabalho que, convenhamos, não terminará nunca. Se o nazismo fosse apenas proibido por lei, ele estaria mais vivo do que nunca.
O Brasil já proibiu o comunismo e os partidos comunistas. O PCB, proibido por Vargas nos anos 30, voltou legalizado em 1945 e participou das eleições daquele ano conquistando 15 cadeiras na Câmara dos Deputados e uma de senador para Luís Carlos Prestes, o segundo mais votado do país, influenciando diretamente nos rumos da Assembléia Constituinte de 1946. O PCB teve seu registro cassado em 1947, mas seus representantes continuaram participando ativamente da política nacional e os comunistas voltaram a ter seus partidos como sempre voltarão se suas idéias não forem derrotadas.
A vitória sobre o comunismo só acontecerá quando conservadores e liberais entenderem que é preciso um investimento sério na produção científica de trabalhos que exponham claramente os males desta ideologia e suas variações e vertentes, como também alertou Olavo de Carvalho. Estes estudos servirão de arcabouço para a luta por corações e mentes no jornalismo, nas artes, templos, sindicatos e nas mesas de bar.
O comunismo explora vulnerabilidades da alma humana e da nossa natureza imperfeita que nenhuma lei poderá evitar ou proteger.
O comunismo explora vulnerabilidades da alma humana e da nossa natureza imperfeita que nenhuma lei poderá evitar ou proteger. O espaço vazio da mente ociosa, ignorante, invejosa, caótica, desonesta ou preguiçosa sempre poderá ser preenchido com idéias abjetas e destrutivas, com as mais diversas denominações. Sem uma população com uma imaginação moral desenvolvida e elevada, ideologias autoritárias sempre terão um terreno fértil para florescer.
O Brasil é o país em que o PT, depois de montar a maior máquina de pilhagem de dinheiro público do mundo e ter seu líder máximo condenado na justiça por corrupção, um partido que saiu do poder depois de quase 15 anos deixando uma terra arrasada e a maior recessão da história do país, vê Lula liderando as pesquisas de intenção de voto para presidente. Apenas este fato já deveria servir para você entender que não se combate o mal da cultura esquerdista apenas com canetadas ou no grito.
A desmoralização do socialismo e do comunismo no Brasil depende de um conjunto extremamente complexo, abrangente e dispendioso de produção científica e cultural que mostre à população as bases morais repugnantes e homicidas destas ideologias, passando por uma divulgação incessante, sistemática, persuasiva, sedutora e criativa dos valores que construíram o Ocidente, o conservadorismo liberal e as sociedades mais livres, prósperas e bem sucedidas da história humana.
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