Londres tem um prefeito muçulmano. Sadiq Khan, do Partido Trabalhista, declarou em setembro último que conviver com a ameaça terrorista se tornou “parte do que é viver numa cidade grande”.
A profecia de Sadiq Khan se tornou realidade em 22 de março quando Khalid Masood, 52, um britânico convertido ao islamismo depois de adulto que jogou seu Hyundai Tucson em pedestres na Ponte de Westminster, um dos pontos mais movimentados de Londres, matando cinco pessoas e ferindo outras cinquenta.
A capital britânica não via um atentado terrorista desde julho de 2005, quando quatro homens-bomba muçulmanos realizaram ataques suicidas no metrô da cidade e em um dos seus icônicos ônibus de dois andares matando cinquenta e duas pessoas e ferindo outras setecentas. A eleição de Sadiq Khan poderia ter servido como um sinal de que a comunidade muçulmana em Londres estava plenamente integrada e pacificada, mas o crime covarde feito por Khalid Masood foi um chamado à realidade.
Apenas dois meses depois do ataque na capital, uma tragédia que nunca mais sairá da memória dos britânicos, agora na segunda maior cidade do país: após o show da cantora pop Ariana Grande no estádio Manchester Arena, Salman Ramadan Abedi, 22, britânico filho de líbios, fez um ataque suicida matando vinte e dois inocentes entre crianças e jovens. Outra vez, o islamismo radical, jihadismo, waahabismo, salafismo, ou seja lá que nome prefiram dar, motivou o autor. Assim como o terrorista de Londres, o assassino de Manchester também nasceu no Reino Unido e era cidadão britânico.
Khalid Masood, em Londres, mirou em vítimas aleatórias numa área movimentada e turística, ao lado de alguns dos pontos mais conhecidos da cidade como o Big Ben, o parlamento e a Abadia de Westminster. Já Salman Ramadan Abedi nesta segunda escolheu deliberadamente um evento com presença maciça de mães com seus adolescentes e crianças. A mensagem do terrorista foi clara para o Ocidente: vamos matar até suas mulheres e crianças.
Os terroristas têm sido bastante diretos nas suas declarações, comunicados e ameaças, é o Ocidente que não quer ouvir. Todas as autoridades, clérigos, amigos e parentes de potenciais terroristas, aqueles que dão sinais evidentes e inquestionáveis de radicalização, e não tomaram ou não estão tomando providências ou denunciando grupos radicais no Reino Unido ou em qualquer lugar, já que até o Brasil foi vítima de um pequeno ataque há poucos dias, tem sangue nas mãos.
Há um ano, o Channel 4 da Inglaterra exibiu o documentário “What British Muslims Really Think” (“O que os muçulmanos britânicos realmente pensam”) e o resultado é bastante revelador. Estima-se que haja 3 milhões de muçulmanos vivendo no Reino Unido, aproximadamente 4,5% da população total. Praticamente todos vivem na Inglaterra. Um estudo de 2011 revelou que 100 mil britânicos já se converteram ao islã, sendo 66% mulheres. É uma população que não para de crescer, com uma taxa de natalidade muito superior à média britânica ou européia.
Segundo o documentários do Channel 4, veja o que pensam os muçulmanos britânicos:
– 52% acreditam que o homossexualismo deve ser ILEGAL, criminalizado (entre a população britânica como um todo, o número cai para 5% ).
– 47% não concordam que um gay se torne professor
– 4% “simpatizam” com quem comete atentados suicidas e atos terroristas
– 23% acreditam que a Lei da Sharia deve ser implementada ao menos em partes da Grã-Bretanha
– 39% alegam que as esposas devem “sempre obedecer os maridos”
– 31% aceitam que um homem tenha mais de uma esposa
– 34% não condenam totalmente o apedrejamento de “adúlteros”
– Um em cada seis diz querer viver “mais separadamente” dos britânicos não-muçulmanos
Estes dados perturbadores mostram que uma parte nada pequena da comunidade muçulmana no Reino Unido tem idéias incompatíveis com as leis britânicas, com as tradições, valores e costumes ocidentais. Alguns deles simpatizam ou apóiam ações terroristas, querem viver em enclaves dentro do território britânico e não demonstram qualquer inclinação para assimilar os valores do país anfitrião. Não se pode falar em “preconceito” quando os próprios muçulmanos revelam abertamente suas opiniões.
A pesquisa do Channel 4, perfeitamente compatível com os levantamentos realizados regularmente pela Pew Research Center sobre as idéias políticas e sociais dos povos muçulmanos ao redor do mundo, mostra que ignorar o problema ou tentar resolver uma guerra com flores e platitudes não resolve, muito pelo contrário. Há uma dura realidade que não pode mais ser relativizada ou ignorada.
O Ocidente hoje sequer consegue articular o nome da ameaça ou do inimigo, já que qualquer associação do terrorismo com o islamismo é visto como “preconceito”, curiosamente pelos mesmos que costumam separar “judaísmo” de “sionismo”. Se é possível fazer esta distinção entre judeus, muitas vezes para mascarar e dissimular o mais abjeto anti-semitismo, por que não se pode admitir que uma parte considerável da comunidade muçulmana no mundo têm visões radicais e está engajada em atividades que colocam o Ocidente em risco?
O movimento político e militar de matriz islâmica associado ao terrorismo atual pode ser chamado de salafismo, jihadismo, waahabismo, pouco importa qual denominação será escolhida, mas é urgente que se admita que é uma ideologia intolerante (e não uma religião no sentido tradicional, um sistema de crenças metafísicas compatível com as leis seculares ocidentais) que promove ou faz vista grossa para a violência, que une milhões de pessoas no mundo contra o Ocidente, Israel, que trata mulheres como cidadãs de segunda classe ou serviçais, que criminaliza e mata homossexuais, e que massacra inocentes, incluindo crianças, em qualquer lugar onde possam ser encontrados.
Se o Ocidente não reagir ao assassinato covarde e cruel de suas mulheres e crianças em seu próprio território e longe de qualquer zona de conflito, não há qualquer esperança para a civilização que construiu as sociedades mais livres, prósperas, solidárias e desenvolvidas da história. Quem fechar os olhos ou é conivente ou cúmplice deste verdadeiro suicídio civilizacional.
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