Alexandre Garcia comenta as recentes falas polêmicos do presidente Lula e analisa o que vem pela frente na política de Brasília| Foto: Ricardo Stuckert / Presidencia da Republica
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O presidente Lula foi a São Paulo para visitar duas pessoas que são idosas e já doentes. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) e o americano, casado com brasileira, Noam Chomsky, com 95 anos. Ele é linguista. Imagina um encontro de Lula com um linguista, numa semana em que a língua de Lula virou notícia.

Não tem como a gente não recordar esses vários episódios. O primeiro é com o presidente dizendo que está feliz com o ministro Juscelino Filho, que está indiciado por corrupção pela Polícia Federal. Lula não seguiu o bom exemplo do então presidente Itamar Franco com seu ministro-chefe do Gabinete Civil, Henrique Hargreaves. Na época, Hargreaves sofreu uma acusação, saiu do governo, comprovou inocência e voltou para o governo. Ficaram de cabeça erguida o ministro Hargreaves e o presidente Itamar.

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O presidente Lula, com essa atitude, deixa tudo. O ministro não pode ficar no cargo debaixo de uma suspeita. E não é suspeita, é indiciação já.

Outra notícia é a da declaração de Lula sobre o leilão do arroz. Ele disse que o leilão foi anulado porque tinha falcatrua, mas não explicou para ninguém se está investigando a falcatrua, quem são os suspeitos, quem são as pessoas envolvidas.

Briga com o Rio Grande do Sul

E mais, aumentou a briga com o Rio Grande do Sul, dizendo que vai financiar outras áreas produtoras de arroz, que não o Rio Grande do Sul, até que baixe o preço. Isso numa semana em que ele recebeu representantes da Federação do Arroz, a Fenarroz.
Resultado: o prefeito de Porto Alegre está dizendo que o governo não botou um centavo nos abrigos lá de Porto Alegre, dos desabrigados das enchentes.

Mais uma notícia, sobre a "língua" de Lula, é que ele declarou que a emenda das "blusinhas" foi um "jabuti", quer dizer, alguém botou escondido... Que foi o próprio líder do PT, o senador Jacques Wagner.

Mais uma: o petista disse que a indústria automobilística não investia há 40 anos no Brasil. Gente, entre 2008 e 2010 ela investiu U$ 20 bilhões de dólares. Depois o presidente ainda disse que a indústria automobilística vendia 3,8 milhões de veículos quando deixou o governo, no segundo mandato, e quando voltou esse número era apenas 1,8 milhão. Na verdade estava vendendo 2,3 milhões depois de uma queda violenta no governo Dilma, isso depois de ainda passar pela pandemia.

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Corrupção na Petrobras

Lula também chegou a dizer, alguns dias atrás, que a Lava Jato foi feita para destruir a Petrobras. Não, quem destruiu a Petrobras foi a corrupção, principalmente de gente do PT, que foi presa, processada e descondenada. Só para a gente lembrar, só o gerente de engenharia, um mero gerente de engenharia da Petrobras, o Pedro Barusco, devolveu R$ 182 milhões que estavam na Suíça em nome dele. Só para a gente ter ideia.

Outra coisa: ele culpa o presidente do Banco Central, fala dos "juros, juros e juros", o Campos Neto, e isso e aquilo. No governo Lula 1, a média do juro real foi 19,4% ao ano. No governo Lula 2, 11,8%. No Banco Central independente, 7,9% o juro real. Isso foi publicado pelo Estado de São Paulo com base em levantamentos da Austin Rating.

Só para lembrar, no governo Bolsonaro teve um período de juros reais negativos, numa época que teve deflação por dois anos. A média do governo Bolsonaro foi de 0,6% de juros reais. Só para a gente imaginar essas coisas que muitas vezes ficam só na manchete favorável, e a gente tem que saber o que está acontecendo, e entender, afinal, qual é a realidade.

Mas, enfim, vai ser uma semana muito parada em Brasília, e eu até arrisco dizer que isso é bom – a Escola Austríaca, pelo menos, acha que quanto menos Estado, melhor. Na verdade, vai estar todo mundo em Lisboa. Presidente da Câmara, Presidente do Senado, deputados e senadores, vários ministros de Lula, vários ministros do Supremo. Lá no evento – mais um evento – do instituto do Gilmar Mendes. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) está associada também a esse evento. Eu realmente não sei como vai ter 288 palestrantes sobre temas jurídicos e globalização.

De Brasília, Alexandre Garcia.

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