O governador de Minas, Romeu Zema, e o presidente Bolsonaro: mineiro conseguiu reeleição no primeiro turno e deve apoiar Bolsonaro.| Foto: Divulgação/Palácio do Planalto
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Tem gente fazendo contas aleatórias, misturando banana com Coca-Cola, tomate com picolé, para dizer que houve um absurdo nas urnas, já que Bolsonaro teve menos votos que o senador Fulano, que o governador Fulano e que o deputado Fulano. Mas não é assim. Não se pode misturar; é preciso ver ou os votos dos candidatos a senador, ou dos candidatos a governador que apoiam Bolsonaro. Por exemplo, no meu estado natal, o Rio Grande do Sul, somei os candidatos Onyx Lorenzoni (que vai para o segundo turno), Luís Carlos Heinze e Argenta, e Bolsonaro recebeu mais votos que os três juntos. Aí, sim, podemos comparar.

Agora, se fizermos essa comparação em Minas, aparece uma diferença muito grande. Se pegarmos os votos de Romeu Zema, que é anti-Lula – ou seja, ninguém que gosta de Lula vai votar em Zema –, e somarmos com os votos de Carlos Viana, que é do PL, partido de Bolsonaro, que foi apoiado pelo presidente, vai dar 7,877 milhões de votos. Então, quase 8 milhões de mineiros votaram ou em Zema, porque é anti-Lula; ou em Carlos Viana, porque era o candidato de Bolsonaro. Mas esse não é o mesmo número dos mineiros que votaram em Bolsonaro. Houve 2,638 milhões de eleitores em Minas que votaram em Zema ou Viana, mas não votaram em Bolsonaro, que teve 5,239 milhões de votos em Minas. Lula teve 5,802 milhões e ganhou por 600 mil votos.

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A outra diferença grande Lula tirou na Bahia: dos 6 milhões de vantagem do petista, 63% ele tirou na Bahia, onde teve 3,826 milhões de votos a mais que Bolsonaro. E não venham me dizer que Bolsonaro recebeu menos votos na Bahia, não! Em comparação com 2018, ele aumentou sua votação em um ponto porcentual. Isso aconteceu em todo o Nordeste, com exceção da Paraíba, onde ele foi menos votado agora que quatro anos atrás. Em Pernambuco foi quase um empate, mas o presidente ainda teve mais votos em 2022 que em 2018. Onde se votou menos em Bolsonaro, então? Ah, surpresa: Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

Estou contando isso porque vem aí o segundo turno, que é uma nova eleição. Ciro e Tebet não têm condições de pegar um balaio cheio de votos deles e transferir tudo para Lula ou para Bolsonaro; eles não mandam nos seus eleitores. Os dois que vão para o segundo turno é que vão ter de conquistar os eleitores dos outros candidatos. Mas, sobretudo, vão ter de conquistar, chamar para votar, os que não foram votar, que equivalem à população do Peru; ou nove vezes a população do Uruguai; ou quatro vezes a população do Paraguai; ou a soma da população de Portugal, Suécia e Grécia: 32,7 milhões de brasileiros eleitores não cumpriram sua obrigação de votar. E certamente Lula e Bolsonaro vão atrás deles depois de terem sido ambos enganados pelas pesquisas.

Bolsonaro saiu ganhando, porque as pesquisas só o estimularam. Acho que Lula saiu perdendo porque as pesquisas o fizeram relaxar, achando que não precisava nem sair para a rua porque já tinha ganho. De nove institutos de pesquisa, sete afirmaram que Lula venceria no primeiro turno, e mais uma vez enganaram o eleitor, enganaram até os candidatos. Tenho 62 anos desde o primeiro voto, 25 eleições, e nunca vi tanta pesquisa. É uma bola de cristal todos os dias para tentar antecipar o resultado das urnas. Qual é o objetivo disso?

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]