O ditador Nicolás Maduro em foto de janeiro de 2019. Foto: Yuri Cortez/AFP| Foto:
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Então, quando as pessoas falam que chegaram soldados russos à Venezuela, eu explico que não: chegaram militares russos técnicos, acompanhando o armamento que a Rússia vendeu para a Venezuela, que é um bom freguês. Agora, a Rússia não vai dar nenhum apoio militar nesse caso interno da Venezuela.

Nem a Rússia, nem ninguém. Tem gente ingênua dizendo que os Estados Unidos estão preocupados com o petróleo da Venezuela. Gente, os Estados Unidos têm petróleo de reserva. Eles guardam petróleo para quando esse recurso fizer escasso, se ainda houver uso para ele – há hoje toda a produção de energia vinda do sol e dos ventos. Enfim, as pessoas se enganam.

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Temos um regime totalitário na Venezuela – o tal socialismo latino-americano, que não tem nada a ver com o socialismo escandinavo. É aquele socialismo fajuto do Equador, da Bolívia, de Cuba, da Nicarágua. Não dá certo. No Mediterrâneo já não deu certo, como na Grécia e na Espanha. Na União Soviética, com todos os seus poderes divinos, não funcionou. E, no entanto, é um regime que é o sonho de muitos brasileiros. Se alguém duvidar, é só olhar as notas oficiais de partidos políticos de esquerda – não chamo nem de extrema-esquerda, ao contrário deles, para quem não existe direita, apenas extrema-direita e ultradireita. Esses partidos apoiam o ditador Maduro. É uma coisa incrível. Fazem isso através de notas, é claro – não sei por que não vão lá se oferecer como voluntários.

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Enfim, tirem da cabeça que a Rússia – ou o Brasil ou a Colômbia – possam interferir na Venezuela. A menos que, para desviar as atenções, Maduro invada a Guiana, que tem um território disputado com a Venezuela, Essequibo. Mas ele não vai fazer isso, porque já tem muito problema interno. E Maduro só se mantém porque inventou dois mil generais – a cúpula desses quatro-estrelas está envolvida com ele e sabe que, se Maduro cair, eles caem também, e caem feio. É isso que segura a situação. Aliás, o que segura é a relação entre os generais e as suas tropas. Na hora em que as tropas se dispersarem – não sei nem se isso está acontecendo neste momento – o cenário será outro.

E Roraima?

No Brasil, Roraima tem prejuízo agora com a situação da Venezuela, mas a longo prazo terá vantagem. É que a questão venezuelana chamou a atenção do governo federal para o estado. Por exemplo, o linhão de energia elétrica está indo para lá, porque já não há a energia fornecida pela Venezuela. Vai se abrir a possibilidade de fazer parcerias com a Guiana para a construção de hidrelétricas.

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A Guiana vai passar por um período de crescimento muito grande nesses próximos três anos. A Venezuela está com 10.000.000% de inflação. É um horror, uma tragédia. Pobre do povo venezuelano. Vamos esperar para ver o que vai dar do embate entre o presidente interino, Juan Guaidó, e o ditador Maduro. A Venezuela está com dois Legislativos, dois Judiciários, dois Executivos e aí há um perigo terrível de guerra civil – e de derramamento de sangue.

Salvação nacional

Mudando de assunto. Que interessante: quase não vi nos jornais – tem umas notinhas pequenas – a notícia mais importante desde que o Real surgiu nos anos noventa. É a medida provisória 881, que praticamente tira o Estado e a burocracia de cima das pessoas que querem virar empresárias de uma hora para a outra sem precisar de papel. A medida provisória prevê isso: você pode começar uma empresa sem depender de cartório, de registro, de carimbo, de alvará, de nada! Vá em frente. Dê uma olhada nessa medida. Não foi notícia. Parece que a turma dos masoquistas, que querem o pior para o país, não festejou isso – e é de se festejar. Claro, admito que ainda não saiu do papel, mas na hora em que isso entrar em prática, será a salvação nacional, como foi o Plano Real.

Atrasados

Para encerrar, queria falar do mundo digital de novo. Vi uma exposição de tecnologia e pensei: “Meu Deus do céu, a gente tá muito atrasado”. Tem moto que anda sozinha, tem carro que muda de cor. Imagine só esse novo mundo que está aí e nós ainda estamos discutindo se um aluno pode ou não pode gravar uma aula da professora, que no fundo não é aula – não ensina sequer gramática, tudo o que quer é ensinar ideologia: doutrinas ideológicas lá de 1917. Pobre país.