Nesse momento, os integrantes da delegacão brasileira do agronegócio, que chegaram nesta terça-feira à China, já estão trabalhando em Pequim. Eu estive lá numa missão mais ou menos pioneira do presidente Figueiredo, em maio de 1984, mas naquela época não tínhamos uma delegação desse tamanho, de 102 empresários da agricultura, da pecuária, da agroindústria, do setor de exportação. Quando fui, tínhamos muita gente da indústria; ainda sonhávamos em vender produtos industriais para a China, essa China que hoje está nos enchendo de produtos da sua indústria. Vendemos minério de ferro pra eles, e eles nos vendem trilhos feitos com o nosso minério de ferro, é incrível.
A China é um grande parceiro, o maior parceiro comercial do Brasil; o fluxo de exportação e importação no ano passado foi de US$ 150 bilhões. O agro vende para a China proteínas (na forma de carnes bovina, suína e de aves) e soja, e ainda ajuda a vestir o chinês vendendo algodão também. Eu ainda sonho que seremos capazes de vender tecidos de algodão, e não algodão para fazer o tecido na China. Talvez consigamos isso com esses 102 brasileiros de todos os setores do agro que estão lá nesta missão encabeçada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que já foi presidente da Aprosoja, ou seja, tem uma ligação muito próxima com eles. Os brasileiros vão lá assinar acordos para melhorar ainda mais o comércio, os pagamentos, menos burocracia, e o Brasil quer ampliar os produtos do agro que a China compra.
Lula não esconde seu desejo de vingança contra Sergio Moro
O presidente Lula chega à China no dia 26; talvez ele se aproxime do agro, porque vemos que o governo não gosta do agro, majoritariamente eleitor de Bolsonaro, que aliás fez 68 anos nesta terça. No mesmo dia, Lula comentou com um grupo que foi ao Palácio do Planalto que as memórias dele do cárcere são de revanche, de vingança; disse que estava lá para se vingar dessa gente, usou até um termo chulo que eu não vou repetir aqui, mas quis dizer que tinha de acabar com Sergio Moro. Tomara que Lula esqueça um pouco do espírito de revanche se encontrando com a delegação do agro lá na China. Depois ele também se encontra com Xi Jinping, que esteve na segunda-feira com Vladimir Putin, tratando de um plano de paz entre Rússia e Ucrânia.
Doleiro da Lava Jato está preso novamente, mas a operação já foi destruída
O doleiro Alberto Youssef, com quem começou a Lava Jato, foi preso pelo juiz Eduardo Appio, que substitui Sergio Moro na 13.ª Vara Federal de Curitiba. Youssef está preso na Polícia Federal, em Curitiba, e entrou com um habeas corpus no tribunal revisor, que é o TRF4, em Porto Alegre. Ganhou o habeas corpus, mas não foi solto porque o juiz Appio entrou com outro pedido de prisão, por outro motivo.
Todo mundo teve esperança de que a Lava Jato pudesse ressurgir, mas está difícil. Ela foi destruída, destroçada, inclusive pela suprema corte do Brasil. Estão destroçando também as boas leis do período Temer, como o teto de gastos e, agora, a Lei das Estatais, que estão mudando casuisticamente para poderem colocar os presidentes da Petrobras, do BNDES e do Banco do Nordeste.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos