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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Vandalismo em Brasília

Alexandre de Moraes faz declaração de guerra

Patrimônio depredado em Brasília
Estragos no Palácio do Planalto depois que manifestantes tomaram a Praça dos Três Poderes e invadiram os prédios do governo, em Brasília. (Foto: EFE/André Coelho)

Vejam como terminaram quase 70 dias de manifestações, de uma vigília que pedia a intervenção das Forças Armadas. Alexandre de Moraes enquadrou todo mundo nos crimes de associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, ameaça, perseguição, incitação ao crime e dano ao patrimônio público.

O fato é que está na lei. Mas Alexandre de Moraes chamou todos de terroristas e criminosos antes de julgar. É muito estranho isso, que o próprio juiz já qualifique assim as pessoas. A própria imprensa usa “o suspeito”: o sujeito matou alguém diante de todos, confessou, mas continua sendo chamado de “suspeito”; ninguém chama de assassino porque pode ser processado pela pessoa se ela for absolvida depois.

Moraes, no seu despacho, declarou guerra. Ele estava falando de pacificação nacional depois da posse de Lula, mas agora diz que “a democracia brasileira não irá mais suportar a ignóbil política de apaziguamento”. Ele compara a situação atual com Neville Chamberlain, que queria paz e cedeu a Hitler, e por fim Hitler invadiu a Polônia. Moraes citou Churchill, dizendo que “um apaziguador é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser o último a ser devorado”. Então, se depender de Alexandre de Moraes, como ele demonstrou no discurso de posse na presidência do TSE, é guerra.

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Eu não sei se Lula comentou com os governadores com os quais ele conversou na noite de segunda-feira se é preciso apaziguar ou partir para a guerra. O fato é que o Brasil está dividido em duas metades. É altamente preocupante exacerbar os ânimos que já estão quentes, a ponto de manifestantes que passaram quase 70 dias em paz, com tudo limpinho diante do quartel, de repente terem aquela explosão dentro das sedes dos poderes, dos palácios que foram dilapidados. Destruição, sujeira, quebra-quebra, foi terrível. Foi parecido com que a esquerda fez em 2006, quando o Movimento de Libertação dos Sem-Terra entrou na Câmara dos Deputados, levando pedaços de concreto para quebrar os computadores e virando carros.

No total, 1,2 mil presos foram conduzidos em ônibus para o imenso auditório da Academia Nacional da Polícia Federal. Para mim, que estava no Cone Sul naquele 11 de setembro de 1973, a foto me lembrou muito o Estádio Nacional de Santiago, no Chile, onde Augusto Pinochet pôs os prisioneiros políticos depois de ter derrubado o presidente Salvador Allende. E Moraes determinou também a desocupação do acampamento na frente do QG; houve uma negociação pra não haver coerção, para o Exército não se desgastar ainda mais tirando o pessoal à força, com uma saída voluntária, mas muitos ainda foram presos. Os ônibus recém-chegados foram todos cadastrados e estão sendo investigados para saber se alguém financiou a viagem, mas até onde eu sei todo mundo pagou a passagem para vir. Ainda estão bloqueando redes sociais de muita gente, e Moraes quer ter certeza absoluta de que todos serão responsabilizados civil, política e criminalmente.

Bolsonaro é internado nos Estados Unidos

Enquanto isso, o ex-presidente Bolsonaro, provavelmente depois dos acontecimentos de domingo, quando ele postou condenando a depredação que aconteceu, acabou internado num hospital com dores abdominais em consequência da facada do Adélio Bispo. E eu não vi nenhum noticiário de jornal chamar Adélio Bispo, que foi do PSol, de “terrorista”. Só uma criança recém-nascida ainda acredita que ele fez isso sozinho. Choveu advogado, o nome dele estava autorizado a entrar pelo gabinete de um deputado, para ele ter uma álibi naquele mesmo 6 de setembro... Certamente a saúde do ex-presidente, que já estava agravada pela tristeza e depressão depois da eleição, acabou levando-o ao hospital. Michele ficou preocupada e chamou socorro. Não tenho as últimas notícias sobre o estado de saúde dele.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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