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A Cúpula da Amazônia está reunindo em Belém oito presidentes dos países que assinaram o Tratado de Cooperação Amazônica, e o noticiário destaca Nicolás Maduro. O herdeiro de Hugo Chávez tem ordem de prisão da Justiça dos Estados Unidos. Suponho que cada um dos chefes de Estado haverá de defender o bem-estar de suas populações amazônicas e depois defender as riquezas naturais da cobiça estrangeira, principalmente de países que já esgotaram suas matas e estão de olho no que está acima e abaixo do chão amazônico. Pergunto se os representantes dos governos da região perceberam que as campanhas estranhas ao continente sul-americano querem dizer exatamente que não devemos usar o que é nosso, porque eles haverão de precisar um dia.
A CPI das ONGs tem revelado que esses interesses já estão estabelecidos firmemente no nosso território amazônico. Semana passada, um depoimento mostrou que uma ONG impedia uma comunidade indígena de ter eletricidade e internet. Será que pretendem conservar essa parte do povo brasileiro para algum museu ou zoológico europeu, como em outros tempos? Até a carta de Caminha é respeitosa e elogiosa com esses brasileiros que, 500 anos depois, são tratados apenas como massa de manobra. Impedir a integração é facilitar a entregação. À exceção de uns poucos brasileiros indígenas que ainda vivem isolados, todos os demais querem compartilhar dos mesmos serviços que atendem aos brasileiros.
O apartheid racial repete a Alemanha de Hitler. A integração pode muito bem manter os costumes, as comidas, as tradições, dando saúde, ensino e oportunidades de autonomia econômica e renda. A Amazônia brasileira é uma mistura de brasileiros. Domingo fez 121 anos que o gaúcho Plácido de Castro pegou em armas para que o Acre deixasse de ser do Bolivian Syndicate para ser brasileiro; os soldados da borracha vieram do Nordeste no esforço de guerra e hoje integram o sangue dos ribeirinhos; os paulistas vieram com a Zona Franca; o Exército misturou ainda mais o sangue original no leque genético nacional. A Amazônia é Brasil. Há 400 anos, Pedro Teixeira subiu o rio para tirar os espanhóis da nossa Amazônia; no Império, Mauá, com sua Companhia de Navegação, afastou o conceito da US Navy de que o Rio Amazonas seria parte do sistema Mississippi-Missouri. E o que diriam Monteiro Lobato, Arthur Reis, Osny Duarte Pereira, Leonel Brizola dos políticos de hoje, que recebem com ingenuidade a evidente cobiça mundial sobre a Amazônia que é Brasil?
Estarão na reunião de cúpula representantes de Alemanha, Noruega e França, “que tradicionalmente apoiam projetos e iniciativas na Amazônia”, como explica nota do Itamaraty. A China também faz isso na África. O governo explica que foram convidados “organismos multilaterais e entidades financeiras internacionais, com o objetivo de buscar novas parcerias nesta nova etapa da cooperação amazônica”. Em 2013, o rei da Noruega estava hospedado numa aldeia Yanomami, a convite da Fundação da Noruega para a Floresta Tropical. O anfitrião era Davi Kopenawa. O comandante militar da Amazônia só soube por informação do pelotão que estava lá perto. Por que não acontece isso com o Nordeste, onde há muita gente, pobreza e carência de investimentos?
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos