Lula durante ato no Complexo do Alemão em 12 de outubro.| Foto: EFE/André Coelho
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Desde a antiga Grécia diz-se que, na guerra, a primeira vítima é a verdade – a frase é atribuída a Ésquilo. Pois é o que estamos vendo, cada vez mais, à medida que se aproxima o dia decisivo, na guerra eleitoral. A verdade é vitimada todos os dias. No debate na Band, foi uma enxurrada de mentiras. A mitomania está em seu ponto alto. Pior que a mentira deslavada, que todos percebem, é a mentira disfarçada de informação, camuflada como se fato fosse. César Maia criou o verbete factoide: tem forma de fato, mas não é fato; é o fato deformado, adulterado, para enganar quem simplesmente o engole passivamente, sem verificar se está engolindo informação envenenada.

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O TSE fez campanhas contra isso, mas, como estamos vendo, não tiveram efeito desejado. Já participei de 24 eleições e vi muitas outras, desde 1945 – a primeira depois da ditadura Vargas. Mas nunca vi tanto baixo nível como agora. Portanto, as campanhas da Justiça Eleitoral não deram resultado ante a alta temperatura das campanhas. Além disso, o TSE vem sendo mobilizado pelos partidos todos os dias, não apenas contra calúnias, injúrias e difamações, mas contra fatos históricos e verdades. E a Justiça acaba fazendo censura pura e simples, o que é proibido pela Constituição, no artigo 220. Caso típico dos cumprimentos do ditador Ortega a Lula, que é notícia e não fake news; ou o caso de um documentário da Brasil Paralelo.

Agora o baixo nível desceu ainda mais, com os tiros contra o veículo do candidato Tarcísio de Freitas em Paraisópolis, São Paulo. Se foi atentado planejado – e já estavam prevenidos para isso, ante indícios – ou bloqueio para não entrar, não importa; acaso é que não foi. Não havia um tiroteio em que o candidato decidiu intrometer-se entre dois fogos. O fato é que, se o veículo não fosse blindado, Tarcísio poderia estar ferido ou morto. Não há como não ligar esse episódio ao 6 de setembro de 2018, quando Adélio Bispo enfiou uma faca na barriga do candidato Jair Bolsonaro, que só sobreviveu porque foi atendido imediatamente por cirurgiões competentes da Santa Casa.

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O triste é que o fato de Paraisópolis se junta ao do Complexo do Alemão, dias antes. Revela a existência de territórios dominados pelo crime, em que a lei brasileira não entra. O ministro Edson Fachin e o STF contribuíram para agravar isso, ao impedir a entrada da polícia em tempos de pandemia. São santuários do crime, territórios “liberados”, em que o poder criminoso permite a entrada de um candidato e bloqueia a entrada de outro candidato. Quer dizer, é o crime participando ativamente da campanha eleitoral. Isso levanta uma terrível pergunta: tem a Justiça Eleitoral o poder de garantir o voto livre aos eleitores que moram nessas comunidades dominadas pelo crime? Ou lhes será imposto o candidato que interessa às organizações criminosas?

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]