Depois que aquela juíza gaúcha quis proibir o uso da bandeira nacional durante o período eleitoral, agora uma cantora brasileira, Bebel Gilberto, se apresentando na Califórnia, pisoteou a bandeira de seu próprio país. Se um americano fizesse isso, meu Deus! Mas ela fez. Depois disse que pediu desculpas porque se deu conta de que estava ofendendo todos os brasileiros. Como assim? Ela é ciclotímica?
O que se passa na mente de uma pessoa que pisoteia a bandeira que pertence a seus avós, bisavós, filhos, netos, vizinhos, amigos, enfim, de todo mundo que a cerca em seu país? Porque a bandeira somos nós, é o nosso símbolo. Quem pisoteia a bandeira está pisoteando nosso coração.
Tem gente que ficou furiosa, disse que essa mulher não merece voltar para o país, que tem de ser punida. Eu tenho é pena, porque fico imaginando como é o interior de uma pessoa dessas. Mesma coisa em relação à juíza. É um ódio irracional. E, ao mesmo tempo, elas fizeram propaganda da bandeira, fazendo a gente falar ainda mais a respeito. Na hora que vi aquilo lembrei-me da canção Fibra de Herói, do Barros Filho e do maestro Guerra Peixe: “Bandeira do Brasil, ninguém te manchará. Teu povo varonil isso não consentirá”.
Gostaria muito que fosse possível resgatar aquela bandeira que foi pisoteada para trazê-la para o país e prestar o desagravo necessário, pelo país inteiro. Mostrar aquela bandeira e pedir perdão por aquela cantora.
Bolsonaro lota Maracanãzinho
Agora Bolsonaro já não é mais pré-candidato. É candidato à reeleição à Presidência da República. E seu companheiro de chapa é outro general quatro estrelas, Braga Netto. Se a gente tinha dúvidas em relação às tais pesquisas de opinião, que já nos enganaram em 2018, é só olhar como estava o Maracanãzinho, onde foi realizada a convenção do PL.
Se olharmos Vitória, no Espírito Santo, no sábado (23), então, parece que a eleição acabou, já está decidida. Ou se olharmos os outros lugares por onde Bolsonaro andou, por todo o país. É uma coisa incrível. Eu nunca vi isso, e olha que eu nasci em 1940. Nem com Getúlio Vargas, nem com Juscelino Kubitschek, que talvez tenham sido os mais populares.
Eu lembro quando Juscelino e João Goulart foram à minha cidade, Cachoeira. Tinha gente nas ruas porque as escolas consideraram feriado e os estudantes tiveram de ir para prestigiá-los. Agora, espontaneamente, como aconteceu no Clube Naval, no Rio de Janeiro, onde Bolsonaro esteve no sábado à noite, nunca vi.
Decisões do STF
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), está fazendo um grupo de trabalho para evitar a violência política nas eleições. Argumenta que é “pela necessidade de assegurar o pleno exercício dos direitos fundamentais”. Eu acho isso uma hipocrisia, porque o próprio STF arrebentou os direitos e garantias fundamentais durante a pandemia, transferindo um poder que não tem – porque esse poder não é nem do Congresso, seria só de uma Assembleia Constituinte Exclusiva – para prefeitos e governadores. As pessoas foram presas, algemadas, jogadas no chão. Lojas foram fechadas à força, pessoas trancadas em casa. E aí vem falar que é para garantir pleno exercício dos direitos fundamentais?
Aliás, o ministro Alexandre de Moraes prendeu Ivan Fonte Boa, um sujeito que ameaçou ministros do Supremo de “pendurá-los de cabeça para baixo”, segundo suas palavras. Nunca nenhum estudante de Direito já viu na vida caso algum em que o próprio ofendido decreta a prisão do ofensor. O nome disso é vingança. Além do mais, o crime de ameaça não é assim, de boca. Tem de ficar demonstrado que a pessoa tem o potencial de realmente praticar aquilo que ameaça. Esse é o Brasil.
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