Queria destacar uma frase do julgamento de Bolsonaro, uma frase do próprio presidente da Justiça Eleitoral, o ministro Alexandre de Moraes. Ele disse: “A Justiça Eleitoral, como toda Justiça, é cega, mas não é tola”. Eu fiquei pensando, afinal, o que é uma Justiça que não é tola? Fui procurar o antônimo de tola. Eu tenho um dicionário de antônimos e sinônimos da Língua Portuguesa, escrito pelo Francisco Fernandes, e está lá: tolo, o antônimo de tola é inteligente, é sensata e é esperta. É o que diz o dicionário com o significado da palavra tola.
Uma outra frase que foi proferida lá e que eu queria lembrar foi que “liberdade de expressão não é ataque ao Poder Judiciário”. Ora, então a gente tem que mudar a Constituição – ou ela já foi mudada e a gente ainda não sabe.
O artigo 220 da Constituição Federal diz que lei não conterá nenhuma restrição à liberdade de expressão, sendo vedado qualquer tipo de censura. Então precisa acrescentar “salvo se atacar o Poder Judiciário”. Assim como lá no voto da ministra Carmem Lúcia, que disse que Bolsonaro atacou a Justiça Eleitoral por isso estaria sendo condenado. Ou seja, “ele nos atacou então eu o condeno”, o que é uma coisa que qualquer estudante de Direito vai achar muito estranho, pois seria um revide da própria Justiça ou do juiz. A ministra disse que a reunião com os embaixadores teve caráter eleitoreiro, porque que é óbvio que uma reunião de um político que é candidato a uma eleição tem caráter eleitoreiro. Está implícito, segundo ela.
Orgulho de ser comunista
Outro assunto foi a participação de Lula no Foro de São Paulo. Ele que disse que “querem nos ofender nos chamando de comunistas, mas não sabem que não nos ofende; até temos orgulho disso”. Depois, ele falou também dos valores como patriotismo, família, questões de costumes. Disse que “aqui enfrentamos o discurso da família, dos costumes e do patriotismo. Enfrentamos os discursos que a gente aprendeu historicamente a combater”.
Meu Deus, ele não disse nada disso na campanha eleitoral, omitiu todas essas coisas. No Foro de São Paulo, ele fez uma espécie de catarse, uma confissão, mas não disse para o eleitor brasileiro. O eleitor brasileiro se soubesse disso será que continuaria confirmando seu voto em Lula?
O inquérito da eleição de 2018
E outra coisa estranha foi Bolsonaro quando voltou do velório de Alysson Paolinelli, lá no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte. No aeroporto de Brasília, os repórteres foram conversar com ele, que recomendou que a imprensa investigasse um inquérito aberto no Supremo pela ministra Rosa Weber e na Polícia Federal sobre a eleição de Bolsonaro em 2018. E por que esse inquérito parou. Pelo jeito ele sabe o motivo, mas quer que todos saibam também, para que haja transparência sobre porque que esse inquérito não foi divulgado. Ficou uma curiosidade muito grande de saber o que houve.
PDT defendia comprovante
A ironia dessa história do julgamento do Bolsonaro é que quem moveu a ação foi o PDT. E o PDT, acho, foi o primeiro a exigir que o processo eleitoral tivesse um comprovante de voto porque o Brizola já estava curtido com a história da Proconsult, com a contagem informatizada do voto lá no Rio de Janeiro. Se Brizola não põe a boca no mundo, Moreira Franco seria eleito e não ele. Tanto que o PDT apoiou o primeiro projeto em torno disso, que era do Roberto Requião, do MBD, depois ele próprio, o neto do Brizola, Brizola Neto, junto com Flávio Dino, do PCdoB, que hoje é ministro da Justiça, fizeram um projeto que foi sancionado por Fernando Henrique, o projeto do Brizola Neto sancionado por Lula, e depois o projeto de Bolsonaro, vetado por Dilma – o veto foi derrubado por 71% dos votos. Só para mostrar a história sobre isso, pois temos eleição no ano que vem e esse assunto volta a ser atual.
Mas aí eu penso, brincando, que Brizola, nos sonhos do Carlos Lupi, há de voltar à noite para puxar o pé dele -- porque Carlos Lupi, do PDT, que moveu essa ação contra a pessoa que defendia o comprovante do voto... Ficou muito estranho.
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