A Comissão de Constituição e Justiça aprovou urgência para o projeto que classifica como homicídio o aborto realizado em fetos com mais de 22 semanas. É exatamente isso. Está de acordo com a proibição que o Conselho Federal de Medicina enviou aos médicos, pois depois de 22 semanas o bebê já está formado, já pode sobreviver se houver um parto prematuro. A essa altura, já é assassinato mesmo, inclusive no caso de gravidez que resulta de estupro. Fazem o aborto com uma injeção de cloreto de potássio no coração, bem dolorida.
Não faz sentido a pessoa esperar cinco meses depois do estupro para se desfazer da criança. O aborto também não tem punição em caso de anencefalia do feto e de risco de vida da mãe, mas obviamente, em cinco meses de gravidez, já vieram os sintomas e foi tudo resolvido.
O projeto pode ser votado a qualquer momento e contraria uma decisão de Alexandre de Moraes, que suspendeu a resolução do CFM, intrometendo-se nas relações internas entre o conselho profissional e os médicos. Agora a decisão é do Congresso, como também será em relação ao transporte, porte e guarda de qualquer quantidade de droga, que será crime se aprovarem a PEC das Drogas.
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CPI do leilão de arroz está quase chegando ao número necessário de assinaturas
Cada vez mais deputados assinaram a “CPI do Arrozão”, como estão chamando. Quando gravei o áudio já havia quase 150 assinaturas, são necessárias 171 para abrir uma CPI. O objetivo é investigar esse leilão que ia acabar em arroz com queijo e sorvete de arroz, já que ganharam uma lojinha de queijo Minas e um fabricante de sorvete. É preciso saber o que havia por trás disso.
O único demitido até agora, o bode expiatório, Neri Geller, botou a boca no mundo. Disse que contrariou a opinião dos técnicos, que recomendaram não fazer isso. Disseram para não importar, porque não era necessário, e nem fazer esse tipo de leilão, que foi um fiasco. Mas o presidente mantém a ideia de importar 1 milhão de toneladas de arroz. Se vier da Ásia, será um arroz carregado de amido, que nem se dá bem com a panela brasileira.
Enchente no Rio Grande do Sul também mereceria uma CPI
Também estou esperando uma CPI na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, porque estão botando a culpa no clima, na “tragédia climática”. Os jornalistas, coitados, repetem como papagaios; não chamam mais de enchente, chamam de “tragédia climática”. Mas sabemos – o Leandro Staudt publicou artigo na Zero Hora mostrando que em 1873 houve uma enchente pavorosa que arrasou tudo entre Estrela e Taquari, no Rio Itacoari, e a água invadiu Porto Alegre, arrasando tudo. Em 1873 choveu muito mais do que agora, mas não havia motor a gasolina nem a diesel, e bem menos pum de vaca, porque havia menos gado.
Então, vamos parar de culpar o clima e deixar a CPI apurar quem são as pessoas que foram ao Ministério Público impedir a dragagem dos rios – principalmente do Guaíba, do Jacuí e do Taquari, que estão assoreados. Em 1873 choveu muito menos, o rio vazou menos, mesmo sendo muito mais profundo do que é hoje, tanto que havia navegação e hoje não – até barco a vela está batendo no fundo do Guaíba.
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Como o povo reprova o Supremo, Barroso agora despreza a opinião pública
Levei um susto quando soube que o ministro Luís Roberto Barroso estava num programa chamado Roda Viva. Meu amigo Joelmir Beting dizia que esses programas de televisão são os mais lidos: a audiência é abaixo de um ponto, dá traço, mas depois os jornais repercutem as declarações. E o presidente do Supremo, ministro Barroso, disse que “o prestígio e a importância de um tribunal não podem ser medidos em pesquisas de opinião”. Isso porque mostraram pesquisas em que a maior parte da opinião pública é negativa em relação ao Supremo.
Interessante que isso é exatamente o contrário do que Barroso pretendia, porque ele queria tornar o Supremo um órgão popular. Agora ele está desprezando a opinião pública, exatamente para ser querido pela opinião pública. Já disseram que o tribunal era muito querido, mas as pesquisas mostraram que não, tanto que um presidente de corte suprema submeter-se a um programa como esse é uma tentativa de popularizar.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos