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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Segurança pública

4 mil condenados não voltaram da “saidinha”, e CNJ acha que foi pouco

Justiça de São Paulo manterá saidinha temporária em junho mesmo com proibição pelo Congresso
Em março, mais de 1,4 mil detentos não retornaram aos presídios em São Paulo. (Foto: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo)

O Conselho Nacional de Justiça, que faz levantamentos das ações do Judiciário no Brasil, concluiu que apenas 4,2% dos condenados que se beneficiaram das “saidinhas” em 2023 não voltaram. Mas sabem quanto dá esse “apenas” em números absolutos? São 4.086 condenados que ficaram nas ruas, livres para continuar seus crimes.

As famílias não são impedidas de visitar os presos. O condenado não tem nada que poder ir visitar a família, é a família que tem de visitar o preso. O sujeito comete o crime por livre e espontânea vontade, e sabe que vai preso se for pego. Se é preso e condenado, vai pagar. Será punido, numa tentativa de corrigi-lo, porque, se ele não se corrigir, vai cumprir pena e depois vai voltar. É assim que funciona nos países civilizados, que querem que a população viva em paz, tranquila, sem ser importunada por pessoas antissociais que circulam pelas ruas.

Envolvidos em suposta espionagem já estão sendo tratados como culpados

Uma operação da Polícia Federal nesta quinta-feira estava executando cinco mandados de prisão de espiões da Abin, que foram presos por espionagem. Parece curioso, mas o fundo é político: eles estariam a serviço de Alexandre Ramagem, que era da Abin, e agora é candidato a prefeito do Rio; estariam também a serviço de Carlos Bolsonaro. O caso teria acontecido lá atrás, e aí todo mundo divulga. Eu até vejo agora o incômodo daqueles que caíam na Lava Jato. Quando a polícia descobria, já se divulgava tudo. O sujeito já era punido. Depois, se a Justiça decidisse que não houve crime, era tarde, a pessoa já tinha sido condenada na opinião pública.

Uma vez, recebi um carro com overboost, que eu nem conhecia; assim que fiz uma ultrapassagem, logo em seguida a Polícia Federal me parou. O agente me reconheceu e disse “não, o senhor nos ajuda muito”... Eu respondi que tinha acabado de pegar o carro, não conhecia o veículo, e ele falando que não ia multar. Mas eu exigi que me multasse, para aprender. Depois fiquei sabendo que ele contava para todo mundo que tinha me multado. Quando encontrei com ele outra vez, disse: “cada vez que você conta, você está me punindo”. É a mesma coisa com esse inquérito. Todo mundo noticia e explora: Fulano fez isso, fez aquilo, mas e depois? Se a Procuradoria-Geral da República achar que não era crime, que não valia a pena denunciar, e mandar para o arquivo? Ou se o Judiciário disser que não foi crime? Como é que fica?

Caso real de Filipe Martins deixa a ficção de Kafka no chinelo 

A operadora TIM informou ao ministro Alexandre de Moraes que o geolocalizador do celular de Filipe Martins só o mostra em Brasília, Curitiba e Ponta Grossa, de 30 de dezembro até 9 de janeiro. Não estava no exterior como a Polícia Federal havia dito, que ele tinha embarcado clandestinamente, que não passou pelo controle de passaporte, que a imigração americana foi cúmplice, essas coisas. O que informaram, lá dos Estados Unidos, é que Martins esteve por lá em setembro de 2022, e em Nova York, não na Flórida.

A empresa aérea disse que Martins estava em voo doméstico. Há evidência de que ele passou pelo aeroporto de Curitiba, de que estava em Ponta Grossa. Mas ele segue preso há mais de cinco meses, nem ele sabe o motivo. Se contarmos isso para um europeu ou um americano, eles vão dizer que é ficção, que Franz Kafka resolveu morar no Brasil e escrever um novo O Processo.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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