A Federação do Comércio (Fecomércio) de São Paulo fez as contas e chegou à conclusão de que a ceia de Natal deste ano está 10% mais cara que a do ano passado. Ou seja, a inflação, o custo sobre uma mesa de comemoração do nascimento de Jesus está 10% maior. Mas o IPCA, a inflação oficial, está em 4,87% no acumulado; estamos vendo que a inflação da ceia é o dobro disso.
E, quando vemos a reforma tributária aprovada agora na Câmara, percebemos que vão cobrar mais impostos sobre veículos, porque eles poluem; sobre cigarro, cerveja, vinho, sobre essas apostas esportivas que estão muito populares. E também percebemos que o governo não cortou nada da sua gordura, do seu excesso de gastos. Ao contrário, só anunciou que no ano que vem benefícios fiscais não serão repetidos, ou seja, vai acabar o alívio para algumas atividades que dão emprego, que ensejam a exportação, que são necessárias ao país.
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Imposto é para bancar serviços públicos, não para sustentar partido político
Tem mais: a Lei de Diretrizes Orçamentárias, também aprovada no Congresso agora, diz que o dinheiro para os partidos políticos vai ser corrigido pelo IPCA. É dinheiro dos nossos impostos. O seu imposto vai para um partido com o qual você não concorda, que você odeia, mas vai para ele mesmo assim. É óbvio que quem deve sustentar o partido político é o seu seguidor, o seu inscrito, o seu filiado, o seu simpatizante, e não o imposto do brasileiro. Isso é uma injustiça para com o cidadão que paga para receber bons serviços de saúde, por exemplo, ao contrário do jovem de 32 anos que morreu esperando a UPA lá no Rio de Janeiro. Também já contei sobre outro jovem, de 21 anos, que conheci e que está precisando de insulina. Dentro de três dias acaba a dose dele, ele é diabético tipo 1, precisa da insulina de manhã, de tarde, de noite. Mas marcaram só para o ano que vem uma consulta que autorize a insulina.
Na educação, eu vejo que as pessoas não aprenderam a própria língua na escola, imaginem o resto. A previdência está caindo aos pedaços, mas a LDO prevê, para o ano que vem, meta de déficit zero na previdência e déficit zero nas contas públicas. É uma ficção, é uma carta de boas intenções. Da segurança pública nem se fala; todos com medo, dentro de casa, trancando, botando grades e cadeados. Quem pode paga segurança, vigilância, sistemas eletrônicos. E ainda assim vão aumentar os impostos do carro, do cigarro, até dos remédios. Haverá uma lista de medicamentos isentos, mas uma lista ainda maior de medicamentos que não estão isentos. Assim como na cesta básica, que vai ter produtos isentos, mas certamente a picanha não está entre eles.
Tudo isso que vemos acontecer tem a participação dos nossos representantes no Congresso Nacional. São 584 representantes, 513 na Câmara, representando os eleitores, e 81 no Senado, representando os estados. Não é só a questão econômica; é a questão institucional também. Precisamos que nossos representantes acordem da omissão, porque os direitos e garantias fundamentais estão em risco.
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