A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e a Comissão de Agricultura do Senado aprovaram convite ao ministro da Educação, Camilo Santana, para explicar esse disparate de domingo passado, que foi essa prova do Enem. Eu não quero nem falar da politização, da ideologia; quero falar é da falta de entendimento. O próprio ministro diz que ele não conseguiria responder as questões; eu também não conseguiria, porque eu não entendi os enunciados, os pressupostos, que estão redigidos em um português horrível, sem nenhuma clareza ou simplicidade. Isso mostra a complexidade mental desses tais “professores independentes” que confeccionaram a prova.
Pobre do aluno do ensino médio que teve de tentar entender aqueles absurdos, como a proposta de redação. Era para falar sobre a profissional que também é dona de casa, mas eles inventam termos que não existem: “desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. “De cuidado”? Que trabalho é esse? Seria o de cuidar da casa, mas eles são muito obtusos, já pressupõem a “invisibilidade”. Como assim? Todas as famílias aplaudem a mãe, a avó, que cuidam da casa. Nunca esquecemos desse cuidado.
Vamos ver o que vai acontecer com o ministro da Educação indo lá. Ele disse que não é responsável, mas é responsável, sim. O governo é responsável.
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Marina Silva terá de explicar “perseguição ao agro” na Câmara
Também houve a convocação – não um mero convite, mas convocação – da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pela Comissão de Agricultura da Câmara. Ela terá de explicar por que, segundo os deputados, o Ministério do Meio Ambiente está perseguindo a agropecuária brasileira, principalmente na Amazônia. Como no caso daqueles pobres coitados que foram postos lá pelo Incra, em 1994, e agora estão sendo retirados de uma terra onde eles estão plantando há 30 anos, tudo porque criaram depois uma reserva indígena. São pessoas que não têm para onde ir e estão sendo tratados pelo governo como criminosos, quando na verdade deveriam receber pedidos de desculpas, indenização, casa nova e terra equivalente à área em que o Incra os tinha colocado. Além disso, Marina Silva também terá de explicar por que as queimadas desse ano estão sendo maiores que as do ano passado no Amazonas, em Roraima e no Acre; e será questionada sobre a burocracia que está amarrando o setor agropecuário.
PF prende dois suspeitos de ligação com o Hezbollah
Tenho dito aqui que os problemas da Amazônia estão mais perto de nós que os problemas do Oriente Médio, da Faixa de Gaza. Mas agora vimos que a Polícia Federal prendeu duas pessoas – uma no aeroporto de Guarulhos (SP) – suspeitas de ligação com o Hezbollah, grupo que segue as ordens do Irã, considerado país terrorista pelos Estados Unidos. Segundo a PF, eles estavam planejando atentados e manifestações contra a comunidade judaica aqui do Brasil – e recrutando brasileiros para isso! Não foi pouco, foram sete ações da Polícia Federal em Minas Gerais, duas no Distrito Federal e mais essas duas prisões; e há outros dois brasileiros no Líbano fazendo ligação com o Hezbollah e que estão na lista da Interpol.
O Hezbollah é uma milícia xiita, como xiita foi o atirador que descarregou um fuzil AK-47 em mim, em 1982. Se eu não tivesse formação de infantaria estaria morto. Quando eu vi o zumbido que eu conhecia, fui para o chão. Levantei a cabeça, deu mais uma rajada. Eu rastejei até uma proteção de uma floreira de concreto e rolei para dentro. Só que eu estava desarmado.
Temos um histórico na região da Tríplice Fronteira, em Foz do Iguaçu (PR), de pessoas que, perseguidas por terrorismo, vão “esfriar” naquela região. Respeitam as leis brasileiras, até para serem esquecidos. Ficam lá anos. E o terrorismo islâmico já agiu contra a Embaixada de Israel em Buenos Aires, em 1992. O atentado de lá matou 30 pessoas. Não há como descansar. É a eterna vigilância para não aparecer o terror aqui no Brasil. É uma guerra que chega aqui dentro, infelizmente. Por isso, parabéns para a PF, que inclusive recebeu informações de agências de inteligência de Israel e dos Estados Unidos.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos