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Nosso país passa por duas tragédias: uma presente, que se dissemina e já causou mais de 11 mil mortes. Num único dia já matou 751 pessoas, bem mais que todos os mortos e desaparecidos em 20 anos de luta política entre governo e esquerda armada. A outra tragédia ainda está sendo preparada e pode ser mais duradoura que a primeira.
Ambas atingem nossas vidas de forma violenta. Ambas desafiam soluções de cientistas: os da Saúde e os da Economia. Os da Saúde ainda não conhecem bem o corona e sua Covid-19, e todas as consequências nefastas para o corpo de quem não teve resistência suficiente para conviver com ele. Os que acompanham o coronavírus na economia estão na mesma emergência para resolver a outra doença que acaba com quem não tem resistência para viver sem renda.
Cuidar de uma tragédia não é descuidar da outra. Nem pode ser assim. A preocupação com a vida está nas duas faces dessa epidemia sanitária e econômica. A vida é a parte mais importante. A economia, com a qual os laboratórios recebem recursos para pesquisar e as UTIs para funcionar, está a serviço de salvar vidas, de alimentar vidas.
Não há alternativa. O que há é uma única opção: cuidar dos mais fracos. Dos que adoecem diante do vírus e dos que não resistem à falta de renda. São os informais, os que já estavam desempregados, e os desempregados pela pandemia. Representam a imensa maioria da população brasileira. Não estão entre os bem-aventurados que chamam e pagam comida pelo celular.
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Quantos você conhece que já fecharam as portas da empresa e dispensaram seus empregados? Quantos você conhece que já têm seus salários reduzidos pela metade? Quantos você conhece que não estão tendo renda alguma para sustentar a família? Quantos você conhece que foram internados por causa do vírus? Quantos conhecidos seus morreram pela Covid-19? Não dá para fazer um balanço de perdas e ganhos. São só perdas. E está comprovada a relação entre o desemprego, a falência e doença e morte. Os dois lados da crise matam: coronavírus na economia e na saúde.
Milhões de brasileiros estão nas UTIs dos hospitais e nas UTIs dos programas assistenciais do governo e da caridade. Assim como é preciso encontrar uma vacina para novo corona, é preciso urgente vacinar o país contra o caos econômico e a tragédia social, que pode contaminar quem hoje está no conforto dos pagamentos via celular.
Nem os chineses nem marcianos vão nos salvar; nem os países que estão tratando de se recuperar. A ciência médica e a ciência econômica precisam se associar e gerar anticorpos que nos protejam dessa dupla tragédia.