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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Crime organizado

Na nossa cara

Primeiro Comando da Capital (PCC) tráfico criminalidade
Primeiro Comando da Capital (PCC) reacende estratégia de "queima de arquivo" para não expor lideranças da facção. (Foto: EFE/Ney Douglas/Arquivo)

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Não é preciso um assassinato a tiros de fuzil na saída do maior aeroporto do Brasil para se perceber que quem lá desembarca, vindo do exterior, está chegando a um país que não soube lidar com o crime. Está na cara de todos nós, há décadas, mas não vemos, ou não queremos ver. Em geral os políticos lidam com a criminalidade por medidas ilusórias, de propaganda. Vão anunciando programas, intervenções superficiais e transitórias, mas tudo fica só na demagogia. As leis lenientes continuam as mesmas, a mídia continua induzindo o povo a ficar contra a polícia, e os assaltantes, traficantes e contrabandistas continuam sendo muito bem tratados pelas audiências de custódia e voltam às ruas para assaltar e matar. A impunidade infla a cultura da transgressão da lei e a corrupção é premiada com ausência de castigo.

O crime já tem, há décadas, áreas fora da soberania do Estado nacional no Rio de Janeiro, e agora se expande na Amazônia e nas grandes cidades. Não é de hoje, vem de muitas décadas, desde a existência de autoridade sob mesada do jogo do bicho. E todos fomos induzidos, pela omissão da mídia, a pensar que isso é natural. Juntam-se a fraqueza e ineficácia das leis à fraqueza e ineficácia dos que representam o Estado, em seus três níveis e seus três poderes. Ainda se pode confiar na sabedoria popular, que tudo observa e tudo sabe, pelos capilares do Estado. Sabe-se quem vende sentença, quem recebe propina do crime, quem facilita, quem está infiltrado.

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Parece um plano para enfraquecer o Brasil, enfraquecendo a estrutura. Por isso ficamos subindo um degrau e descendo dois, numa ciclotimia doentia. Vejo, por exemplo, que desde 2010 estamos quase parados em produtividade e PIB, mesmo com os grandes avanços do agro. Com o nosso potencial, parece sermos a Terra Prometida, mas, embora não acredite em conspirações, vejo que se enfraquece a célula-básica do corpo da nação, a família; restringe-se a religião, que dá valores e temores; o ensino vira catequese ideológica e esquece as ciências e artes; divide-se os brasileiros em sulistas e nordestinos, em homens e mulheres, em brancos e negros, em pobres e ricos; liberam-se drogas para fragilizar o amor-próprio.

Até as Forças Armadas são alvo dos que querem dividir. “Divide et impera”, usavam os romanos para dominar. Fazem tudo para fragilizar a polícia. A política externa fica sem rumos, a censura ilegal cala até a manifestação do pensamento, o pagador de impostos é onerado até esmagarem a livre iniciativa; o Estado precisa de impostos para custear seus privilégios; tira-se a autonomia financeira dos indivíduos e das pessoas jurídicas públicas e privadas para que dependam apenas de um poder central – e não notamos tudo isso, como não notamos, por décadas, o crescimento do crime. Assim cresce a dominação, não sei se planejada e concertada ou se é improvisada e espontânea. Como disse Cervantes, em Dom Quixote:  não creio em bruxas, mas que elas estão aí, estão.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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