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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Venezuela

Cumplicidade com Maduro fez Lula ser vaiado no Chile

O presidente Lula deposita uma coroa de flores no monumento a Bernardo O"Higgins, em Santiago (Chile). (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

O presidente Lula está voltando do Chile nesta terça-feira. O Chile estava muito longe na cabeça dele; esteve lá em 2004 e nunca mais tinha voltado. Deveria ir em maio, mas adiou a viagem porque houve a inundação no Rio Grande do Sul; então, a viagem de agora é algo que já tinha sido programado antes, não tinha nada a ver com Nicolás Maduro. Mas não tinha como escapar.

Lula foi vaiado na segunda-feira de manhã ao depositar uma coroa de flores no monumento ao pai da pátria, Bernardo O’Higgins, que fica na Praça da Cidadania, em frente ao palácio de La Moneda. Quando o nome dele foi pronunciado no sistema de som, o povo que estava por ali começou a vaiar; certamente foi pelo apoio que Lula está dando a Maduro, por aquela declaração péssima de que está “tudo normal” na Venezuela. Parece que ele deu uma recuada; ao menos diante da presença de Gabriel Boric ele ficou com vergonha de dizer algo como aquilo, e afirmou que, para respeitar a soberania popular do voto, é preciso ter transparência na contagem dos votos.

Eu me pergunto se a Venezuela é uma vitrine ou um espelho para nós. Será que Lula sabia que 30 ex-presidentes latino-americanos assinaram uma carta exortando-o a tomar providências em relação a Maduro, a exigir democracia? São ex-presidentes de Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Peru, Equador, Costa Rica, Panamá, República Dominicana. Para eles, Lula é um defensor, um procurador, um advogado de Maduro. A carta diz que é um escândalo o que está acontecendo na Venezuela. E traz, ainda, a assinatura do representante da Espanha, exortando Lula a tomar providências em relação à Venezuela, ou seja, considerando Lula responsável pela matança, pelo desrespeito aos direitos humanos e ao voto. E terminam dizendo que o eleito, todos sabem, foi o embaixador Edmundo Gonzalez. É o que está dizendo o Washington Post também.

A ideia é dar uma saída honrosa para Maduro. Não tem jeito. Eu já disse aqui para vocês que não é só Maduro: são facções, é narcotráfico, são empresas que tiram vantagem, militares que tiram vantagem, políticos que tiram vantagem, está todo mundo vivendo por conta dele. Facções criminosas da Venezuela agindo em Roraima já estão tentando empurrar o PCC de volta para Manaus. Então, se houver uma troca de poder, tem de ser troca mesmo, e não simplesmente tirar Maduro e inventar outro nome para os mesmos continuarem mamando nas tetas do Estado. A gente tem visto esse filme por aqui.

Enquanto isso, outra ditadura acabou lá em Bangladesh. A primeira-ministra, chefe de governo, recebeu o cargo do pai; ela foi posta pelo exército num helicóptero porque estava fugindo dos estudantes que tomaram conta do palácio presidencial. Não deram solução ainda à vacância de poder.

Falando em Venezuela, nós temos a Operação Acolhida, maravilhosa, em Roraima, mas outras coisas estão acontecendo também. As famílias venezuelanas vão para o sul, procuram um hospital público brasileiro e a gestante dá à luz no Brasil. O pai registra o bebê no cartório brasileiro, e ele se torna um brasileiro nascido no Brasil. Depois, se inscreve no Bolsa Família.

Pânico é global, mas situação brasileira ajuda o real a se desvalorizar ainda mais 

O dólar fechou a R$ 5,74 na segunda-feira. As bolsas estão despencando e Donald Trump está dizendo que é o “crash da Kamala”. Mas também a situação econômica brasileira não está favorável; as contas não fecham, como diz um dos autores do Plano Real, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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