Neri Geller, ex-secretário de Política Agrícola, em depoimento na Comissão de Agricultura da Câmara.| Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
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Confesso que o depoimento de Neri Geller – demitido do cargo de secretário nacional de Política Agrícola por causa do escândalo da importação do arroz – na Comissão de Agricultura da Câmara me frustrou. Pensei que ele faria revelações sobre o leilão, mas ele falou mais sobre o processo de importação, que já era uma ideia do governo em janeiro, muito antes da enchente: importar arroz para baixar o preço.

Mas então veio a safra recorde do Rio Grande do Sul, parcialmente frustrada por causa da enchente – mas já tinham colhido 7,3 milhões de toneladas. Somando com o arroz do sequeiro, do Centro-Oeste, dava para abastecer o país todo e exportar as sobras. Então, a ideia de intervir no mercado comprando arroz se tornou inócua. Mesmo assim, ele contou, fizeram um leilão. A ideia veio da Casa Civil da Presidência da República e do Palácio do Planalto – ou seja, do ministro Rui Costa e do presidente Lula.

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Geller ainda disse que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro – que vai depor nesta quarta-feira, na mesma Comissão de Agricultura da Câmara –, mandou dizer que ele seria demitido, e ele ainda teria de dizer que foi a pedido. Geller respondeu que isso ele não aceitava. Tentou falar com o ministro, mas não foi recebido. Então, ele disse: “me escolheram para me demitir”. Ou seja, foi o bode expiatório disso tudo. Argumentaram que a pessoa que organizou o leilão havia sido indicada por ele.

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Só para lembrar, Geller foi ministro da Agricultura de Dilma. E o responsável pelo leilão, o diretor de Operações da Conab, está em licença remunerada de sete dias. Volta dia 21, ficou uma semana inteira de licença, decerto pensando em deixar o assunto esfriar.

Maduro não quer europeus como observadores na sua eleição

O que Lula vai fazer? Seu amigo Nicolás Maduro não quer mais a presença de observadores europeus que atestem a lisura da próxima eleição. Está dizendo que os europeus não têm honra suficiente para vir à Venezuela enquanto a Europa mantiver sanções. Ou seja, arranjou uma desculpa. Ele havia chamado observadores do mundo inteiro, mas agora já está cortando. E pegou muito mal. Agora mesmo Maduro prendeu mais três opositores. Está com 278 presos políticos. Se bem que isso é pouco para nós, brasileiros.

Jornal norte-americano conta a história de Filipe Martins, preso político 

Aliás, um jornal americano, o Daily Wire, estava fazendo reportagens sobre o nosso preso político Filipe Martins. Foi preso em 8 de fevereiro e está preso até hoje, sob a alegação de que pode fugir do país. Foi preso porque disseram que ele teria tentado fugir do país no avião presidencial no fim de 2022. Mas todos os que estavam no avião presidencial voltaram, ninguém estava fugindo. E ele nem estava no avião presidencial. Já consultaram autoridades americanas e não consta a viagem dele. A última vez que ele tinha estado nos Estados Unidos foi antes, chegando por Nova York. E ele demonstrou, com passagens, táxi e imagens do aeroporto, que ele foi de Brasília para Curitiba e de lá foi ver a noiva em Ponta Grossa, onde foi preso.

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O jornal diz que Martins ainda está preso, e que isso é uma tortura. Até o ministro Gilmar Mendes já disse que fazer isso, manter alguém preso para obter delação premiada, é tortura. Martins está preso até agora sem justificativa; daqui a pouco ele confessa que matou a mãe, a avó, diz qualquer coisa. Ele não está condenado, não há justificativa para a prisão, mas está na cadeia. É o que diz o Daily Wire, dos Estados Unidos. Os americanos estão bem informados a respeito do Brasil. O mundo em geral está, depois que o Financial Times, de Londres, está publicando quase uma série sobre as decisões de Dias Toffoli referentes à Lava Jato, à Odebrecht. O Times está acompanhando.