O desembargador destratou o guarda municipal Cícero Hilário, em Santos. Com perdão pelo trocadilho, o desembargador é que é hilário. Arrogantemente ridículo.
Em outros tempos sem meios digitais, em incidente assim, o guarda seria a parte fraca; seria a palavra de Cícero Hilário contra a voz soberana do desembargador hilário. Mas em época de gravações de som e imagem e de divulgação instantânea, o Conselho Nacional de Justiça não terá muito trabalho para se pronunciar sobre o triste episódio.
Do alto de sua arrogância, o hilário chamou Hilário de analfabeto, ligou para o secretário municipal de Segurança, rasgou a multa e a jogou no chão. Diz o jornal que, em uma abordagem anterior, ele respondera em francês para os guardas. Hilário.
A Constituição estabelece que todos são iguais perante a lei, mas há muitos, como o desembargador, que se sentem acima da lei. Fico imaginando como uma pessoa assim integra o máximo tribunal do principal estado brasileiro.
O guarda Cícero Hilário demonstrou ter mais equilíbrio que o desembargador hilário. Cumpriu seu dever com educação e serenidade o tempo todo, ao contrário do desembargador, que não se comporta um cidadão igual aos outros, enquanto caminha na orla de Santos. Na sua cabeça, continua de toga e com poderes de juiz sobre os demais.
O “você sabe com quem está falando” é mais frequente do que se vê no noticiário. O episódio do fim de semana serve para avaliarmos o quanto o poder e a vaidade afetam as atitudes de quem se julga acima dos outros. E causam uma cegueira que evita perceber que a humildade está entre as melhores virtudes.
Essa conduta não é exclusiva de uma profissão. A carteirada é usual por quem não tem razão ou quer exceção a alguma regra e se sente superior aos demais. Já vi tantas… a gente fica olhando com estranheza a pobre criatura que precisa disso.
Embora eu já tenha visto advogados, policiais, juízes, jornalistas, médicos, deputados, a se julgarem mais iguais que os outros, chamou a atenção, desta vez, porque a Justiça está na berlinda, em arroubos de juízes de cortes superiores, exatamente porque se julgam acima da lei e da Constituição e capazes de determinar como os outros devem ou não devem agir. Mas devem estar descobrindo que um poder mais alto se levanta, o dos olhos e ouvidos digitais, que tudo testemunham, tal como de fato aconteceu.
E a gente não precisa de nenhum narrador para corroborar o que se ouve e vê. E quando se ouve e vê esse senhor desembargador, percebe-se o ridículo e o hilário. E o guarda Hilário, cumprindo o seu papel nesse episódio triste, mas risível.
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