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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Manifestações

Dia da Independência

Desfile de 7 de setembro de 2019: neste ano, evento não ocorrerá mais uma vez por causa da pandemia. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

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Já assisti a quatro 14 Julliet - a Data Nacional da França - em Paris. Assisti ao 4 de Julho em Boston, onde começou a independência dos Estados Unidos. São festas cívicas, comemorando a Pátria. Aqui no Brasil, a data nacional em geral se resume a uma parada militar. Repetindo o ano passado, neste ano não haverá parada, por causa das restrições da pandemia. Mas, pelas expectativas e pelo fato de estar toda a mídia falando, tudo indica que na próxima terça-feira vai acontecer um Sete de Setembro com um público como nunca se viu - mesmo sem parada.

São Paulo é o lugar que mais chama a atenção. Apoiadores do presidente e contrários ao presidente farão seu balanço de gente na rua, na Avenida Paulista uns e no Anhangabaú outros. As capitais, que têm mais exposição, vão atrair manifestantes de cidades do interior. Há gente de um novo “fique em casa”, que teme confrontos, o que equivale a temer manifestações e a temer o contraditório - que são tão saudáveis à democracia. Manifestações democráticas são aquelas que aceitam a diversidade de pensamento. Óbvio que fogo, destruição, paus e pedras, agressões, nada tem a ver com democracia, mas com violência, fanatismo e brutalidade.

Que não se resuma o Sete de Setembro em um fora Supremo x fora Bolsonaro. As liberdades estão sendo feridas pouco a pouco, como sempre aconteceu no avanço do totalitarismo. E liberdade, imagino que ninguém é contra. A liberdade de expressão tem sido atingida, embora garantida pela Constituição. A pandemia foi pretexto para muito avanço sobre as liberdades e é significativo que se vá pedir respeito às liberdades na comemoração do dia em que o príncipe Pedro gritou Independência!, provocando a libertação de Portugal. Imitando a voz do príncipe, talvez seja a hora de romper o silêncio sobre as exceções frequentes no cumprimento da Constituição.

Ainda falta uma semana, mas o encontro nas ruas tem recebido cada vez mais atenção da chamada opinião pública. Os estrategistas políticos já devem estar considerando este Sete de Setembro um marcador. Será um divisor-de-águas, mudando um antes num depois? Como todo poder emana do povo, as ruas poderão ter um poder dissuasório mais que todos os canhões, tanques e soldados que desfilariam nas paradas canceladas.

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