Os governadores estão se apressando em declarar estado de calamidade pública depois do pedido do presidente Jair Bolsonaro. A situação emergencial já está bem encaminhada para ser aprovada no Congresso.
Com isso, os recursos para combater o coronavírus serão ilimitados, a "regra de ouro" do Orçamento não precisará ser cumprida se essa medida for aprovada. Mas há o risco de se gastar demais.
Vai sair uma medida provisória permitindo a negociação entre patrão e empregados para flexibilizar algumas regras trabalhistas, como horários de trabalho, a não ida ao trabalho, o home office.
Tudo muito bom, mas há limite
O governo baixou a taxa Selic além do esperado — está em 3,75% ao ano. Tem gente pagando no cheque especial muito mais do que isso. A Petrobras diminuiu o valor do diesel e da gasolina nas refinarias, tomara que chegue na bomba.
O governo está anunciando a suspensão de alguns impostos e taxas, estendendo os prazos de vencimento para quem não puder pagar e dando linhas de crédito. Tudo isso é muito bom, mas deve ter um limite.
O dinheiro não cai do céu. O capital vem do trabalho e da produção e a verba do governo vem da arrecadação. Senão houver atividade econômica não há arrecadação, tudo para e não haverá recursos para a saúde.
A gente tem que tomar muito cuidado com as gerações que correm mais riscos, que são os mais idosos e os que sofrem de doenças crônicas. Mas também temos que pensar na nossa força de trabalho jovem.
Por exemplo, o agronegócio não precisa parar — nunca parou aliás — porque é preciso que eles produzam alimentos, já que sem comida as pessoas ficam mais fracas e não conseguem combater o vírus.
Diagnóstico errado?
Foram registradas mais mortes em decorrência do coronavírus, já são seis. Um dos mortos é uma empregada doméstica que teve contato com a patroa que veio da Itália e pegou a doença. Essa empregada doméstica tinha diabetes e hipertensão.
Como aquele primeiro morto, de Niterói, que também era diabético e hipertenso e tinha 62 anos. O interessante é que no primeiro caso o aposentado que morreu não saiu de casa, não teve contato com ninguém. É um mistério. Talvez possa ter tido um diagnóstico errado.
Mais hospitais
Um remédio que era usado para a malária, o hidroxicloroquina — eu devo ter usado isso quando fui para o Congo cobrir a guerra em 1982 — junto com a azitromicina, que é um antibiótico, está sendo usado pelos Estados Unidos para curar o coronavírus.
Mas isso não significa que a gente não deva ter cuidado. Eu fico pensando naquelas declarações do ex-jogador Ronaldo Fenômeno de que o país precisa de estádios de futebol e não de hospitais. Pois, hoje, os estádios estão ociosos e os hospitais cada vez mais necessários.
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