Ainda estão analisando o primeiro turno da eleição municipal, quem se saiu melhor, se foi Lula, se foi Jair Bolsonaro... Lula não conseguiu eleger vários candidatos, o PT perdeu em Araraquara (SP), o que é bem significativo, porque o prefeito lá é Edinho Silva, ex-ministro de Dilma; diziam que ele seria o novo presidente do PT, seria o sucessor de Lula, mas também não deu certo. Lula foi a 21 lugares fazendo campanha; perdeu em 16, só ganhou em 5. E aí falam de Eduardo Paes. Mas não: a vitória de Eduardo Paes é dele, que tem uma história no Rio de Janeiro. E mais: Paes era do PFL, que depois virou DEM, só mudou de nome. Direita raiz, PFL e DEM. Hoje ele está no PSD de Gilberto Kassab. Então, Lula até apoiou, mas a vitória de Paes não pode ser creditada a Lula.
Já Bolsonaro elegeu mais um filho: Jair Renan foi o vereador mais votado de Balneário Camboriú. Carlos Bolsonaro foi novamente o vereador mais votado do Rio de Janeiro. Bolsonaro teve esse desempenho onde quer que tenha ido. Não participou das campanhas em Curitiba e São Paulo porque o líder não se mete quando há apoiadores que estão se digladiando, para não deixar mágoa de um lado ou de outro. Das 51 prefeituras que terão segundo turno, o PL está em 23 disputas; o PT está em 13; MDB, União Brasil e PSD estão em 10 cada.
Irmãos Batista agora recusam negócio que Lula deixou ajeitadinho para eles
Tempos atrás, Lula recebeu os irmãos Joesley e Wesley Batista para resolver uma questão da Amazonas Energia. A Âmbar, que é da J&F, estava comprando a Amazonas Energia, mas ia transferir para a conta de luz dos consumidores R$ 16 bilhões de passivo. A compra foi submetida à Agência Nacional de Energia Elétrica, que cortou pela metade esse custo para os consumidores, para R$ 8 bilhões. O prazo para assinar o contrato terminava ao meio-dia de quarta-feira, mas a Âmbar não assinou, e talvez não vá mais assinar, ainda que a Aneel tenha aceitado subir o valor para R$ 14 bilhões. E olhem que Lula chegou a fazer uma medida provisória para possibilitar esse negócio.
Governo vai encher estradas de caminhões para levar gás de Santos ao Maranhão
Já um outro negócio, que já tem três empresas envolvidas, é do tipo que não sei se é para rir ou para chorar. Para transportar gás natural liquefeito de Santos (SP) para São Luís (MA), querem usar 1,5 mil caminhões em vez de um gasoduto. São 3 mil quilômetros, a viagem leva três dias, precisarão de oito abastecimentos. Serão 500 caminhões por dia, que funcionam com o mesmo gás que estão transportando, só que não poderão usá-lo; terão de parar em uma estação de abastecimento, que vai servirá para o descanso dos motoristas. Essa maluquice foi anunciada esta semana no Ministério de Minas e Energia.
E por que não usar um trem? Uma composição de 200 vagões – acho que o nome é “propaneiro” ou “butaneiro”, embora neste caso não seja para transportar gás butano –, com aqueles tanques imensos de gás liquefeito, substitui 500 caminhões. E esses caminhões todos, pela estrada, em companhia de outros motoristas, todos inflamáveis, imaginem o risco e o desgaste de asfalto. Emitem menos poluente que o diesel? Sim, mas emitem. A redução é de 30% ou 40%. É difícil de entender. E, por mais absurdo que seja, já há três empresas privadas interessadas nesse negócio.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos