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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

A direita nas eleições

Por que perdeu?

Eleições 2024: Sandro Mabel e Ronaldo Caiado, União Brasil
Em Goiânia, Sandro Mabel, apoiado por Ronaldo Caiado, vai ao segundo turno contra Fred Rodrigues, candidato de Jair Bolsonaro. (Foto: Hegon Corrêa/União Brasil)

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Pelo resultado de domingo, percebe-se claramente que a direita e a centro-direita superam em muito os votos da esquerda e centro-esquerda. O ministro da articulação política, Alexandre Padilha, disse que o resultado nada tem a ver com a próxima eleição presidencial. Eu penso que tem a ver com a próxima e, principalmente, tem a ver com a última. O PL foi o partido mais votado nas eleições municipais, com 15,7 milhões de votos; o PT teve pouco mais da metade disso: 8,9 milhões. Os partidos de esquerda fizeram 862 prefeituras; os de direita, 2.291. Se juntarmos todo o espectro de esquerda, somam 1.991 prefeitos; mas o espectro da direita elegeu 3.516 prefeitos. Se os municípios elegem quase o dobro de candidatos direitistas, a pergunta que brota naturalmente é: como um candidato de esquerda foi eleito presidente em 2022? Por que o outro perdeu?

Talvez haja alguma pista para essa resposta no segundo turno. Em Goiânia, Jair Bolsonaro e Ronaldo Caiado vão se enfrentar, cada um com o candidato de seu partido da mesma direita: o PL, com Fred Rodrigues, e o União Brasil, ex-PFL, ex-DEM, ex-PSL, com Sandro Mabel. Desgaste desnecessário. Em Curitiba, a valorosa jornalista Cristina Graeml, sem nada e boicotada na mídia e nas pesquisas, empatou com o neto de Paulo Pimentel e vai para o segundo turno. Eduardo Pimentel, o adversário de Cristina, tem como vice o PL de Bolsonaro, enquanto Cristina e Bolsonaro pensam igual. Disputa dentro da mesma ideologia: assim é o segundo turno em Belém, Belo Horizonte, Campo Grande, João Pessoa, Manaus, Palmas e Porto Velho – só para falar em capitais. “São os próprios contra os mesmos”, como dizia meu barbeiro Simonini. A soma da direita dá 3.516 prefeituras; dividida pelo meio, dá 1.758, menos que as 1.991 da esquerda. Essa hipótese aritmética é só para demonstrar que a superioridade de 2/3 sobre 1/3 se esvai quando a direita se divide.

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Imagine, agora, a Faria Lima fazendo jantar para apoiar a candidatura Lula em 2022 “pela democracia”. Não parece um masoquismo da direita e do centro, querendo sofrer com a esquerda? Agora o eleitorado mais próximo dos candidatos, o municipal, mostra sua face majoritariamente conservadora e direitista, temente a Deus e temeroso da esquerda. O PT não elegeu nem um prefeito sequer em capitais na eleição anterior, nem está com chances de eleger nestas eleições. O partido está no segundo turno em quatro capitais, mas com pouca chance ou nenhuma, como em Porto Alegre, onde o atual prefeito fez 49,72% no primeiro turno. A esquerda só foi vitoriosa em Recife, com o PSB do prefeito João Campos.

Em São Paulo, Bolsonaro livrou-se de um dilema. Imaginem se Pablo Marçal tivesse ido para o segundo turno com Ricardo Nunes. Mas terá Goiânia, Curitiba e outros dilemas tipo “decifra-me ou devoro-te”. Diante do quase empate entre os três de São Paulo e os quase 50% de Porto Alegre, fica a vontade de uma recontagem, mas é impossível. Não custa lembrar que a apuração é feita longe dos olhos e da compreensão do público, a despeito do que manda o artigo 37 da Constituição, assim como o intervencionismo do Judiciário tem ofendido o direito pétreo de expressão do pensamento, ao suspender o canal por onde se manifestam quase 22 milhões de brasileiros. Eleições têm de ser livres e limpas.

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Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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