Já que Rodrigo Pacheco não se anima, Elon Musk resolveu peitar Alexandre de Moraes, supremo entre os supremos. E o caso se tornou o assunto do dia. Musk não é americano, mas sul-africano. Como ele mora nos States e é lá que estão suas empresas, vale como americano, para inflar nosso espírito colonial. Enfim um salvador da pátria, já que o outro está inelegível, por inspiração de Alexandre de Moraes. Combater suas decisões é perigoso para quem não quer ir morar na cadeia ou nos Estados Unidos. Então, ninguém melhor que Elon Musk para sugerir que Moraes renuncie ou sofra impeachment.
Mas, quem diria, nem Elon Musk escapou. Já está no “inquérito das fake news”, como dizem os jornalistas abduzidos, ou no “inquérito do fim do mundo”, como batizou o ministro aposentado do STF Marco Aurélio Mello. Moraes, ao incluir Musk, reforçou o significado que Marco Aurélio quis dar ao inquérito inventado no próprio Supremo, sem precisar de Ministério Público, que a Constituição afirma ser essencial ao processo. A inclusão rendeu notícia nos jornais do mundo todo, deixando o Tribunal de Haia inferiorizado. Agora Musk é alçado à condição de Putin, como alvo de tribunais de nomeada.
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Musk prometeu livrar dos bloqueios no seu X os censurados por Moraes. Por sua vez, Moraes ameaçou multar Musk em R$ 100 mil por perfil liberado. Fiança ao contrário. Musk reconhece que pode perder dinheiro se tiver de retirar seus negócios do Brasil. Porque dinheiro ele pode perder e ainda lhe sobra muito. Já defender a liberdade de expressão é um acúmulo de capital que ninguém pode bloquear. Imagine o quanto vale o reconhecimento por ser um defensor da liberdade de expressão no Brasil. De nossa parte, a gente pode perder o X, o PayPal, o Starlink, a Tesla... e quem sabe perder a oportunidade de voar daqui para outra galáxia.
De repente, o Brasil se dividiu em duas torcidas: Moraes e Musk. A torcida de Moraes diz que nenhum empresário pode deixar de se submeter à Constituição, às leis e às decisões do Poder Judiciário. A torcida de Musk grita, das arquibancadas, que nenhuma autoridade pode ignorar as leis, a Constituição e o Poder Legislativo. Se houvesse Poder Moderador, este diria que a Constituição garante o direito de expressar o pensamento sem anonimato e veda qualquer tipo de censura, política, artística ou ideológica. E que para calúnia, injúria e difamação já tem o Código Penal; e as questões das redes sociais já estão no Marco Civil da Internet, de 2014. E, se for para impedir mentira espalhada, só praticando genocídio, o que é impraticável. Deixem o povo identificar os mentirosos e condená-los ao ostracismo. O povo que não condenar o mentiroso ficará sempre condenado.
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