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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Seis anos de investigação

Encerrado o caso Marielle, como fica o de Adélio Bispo?

Chiquinho Brazão
Deputado Chiquinho Brazão (UNIÃO " RJ), preso como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL, Rio de Janeiro). (Foto: Mario Agra / Câmara dos Deputados)

O domingo marcou o fim de seis anos de investigações do caso Marielle, e se esse descobre que dois ex-vereadores — ela era vereadora do Rio de Janeiro — são os mandantes: dois irmãos, os irmãos Brazão. Um é conselheiro do Tribunal de Contas do estado do Rio de Janeiro. Já foi afastado, já foi preso por propina, e está lá no Tribunal de Contas, conferindo as contas dos outros. Um é Domingos, o outro é Chiquinho. O Chiquinho é deputado federal pelo União Brasil — diz o partido que vai expulsá-lo.

Também preso um ex-chefe de Polícia do Rio de Janeiro, por obstrução de Justiça, o delegado Rivaldo Barbosa. Os três já estão encaminhados para ficarem presos em Brasília. Com isso terminam seis anos, seis longos anos em que ficaram sugerindo, inclusive na mídia, que seria Bolsonaro, que seriam os filhos de Bolsonaro. E agora, como é que fica?

O ministro Lewandowski considerou o caso encerrado com "vitória do Estado". Eu não sei que vitória é essa, que triunfo do Estado, se demorou seis anos para elucidar um caso que estava muito claro que era disputa territorial na zona oeste do Rio de Janeiro. Coisas de vereadores, de políticos do Rio de Janeiro.

Enfim, terminado isso, é preciso esclarecer agora o que não é difícil de esclarecer: de que gabinete da Câmara dos Deputados partiu a autorização para fazer o álibi do Bispo, que enfiou a faca na barriga de Bolsonaro dia 6 de setembro de 2018? Naquele dia, Adélio Bispo estava registrado como presente na Câmara dos Deputados: era o álibi, se ele não fosse pego lá em Juiz de Fora. Quem foi? De que gabinete? Não é possível que não tenha ficado registro disso. Ou veio um anjo exterminador do céu e acabou com todos os registros? Agora está faltando isso.

Mauro Cid: um personagem de Kafka?

Continuam martelando o caso do tenente-coronel Mauro Cid. Seria um personagem de Kafka, ou mesmo do Evangelho de domingo, lá em Jerusalém — Barrabás, Jesus, Pedro — se ele não pudesse se queixar, se queixar-se fosse crime. Ele se queixou. Estão dizendo que foi um desabafo na conversa com um amigo. Ele não estava proibido de conversar com um amigo, estava proibido de conversar com outros investigados, proibido de usar rede social. Não sei se a pessoa que gravou disse para ele: "olha, estou gravando. Você autoriza?" Não sei se a pessoa disse para ele "olha, eu vou publicar. Você autoriza?". Não sei se aconteceu isso. Se ele não autorizou, não pode ser responsável por isso. Então, é estranho. E ele está preso. Além disso, ele estava cumprindo uma missão militar, estava portanto sob a jurisdição da Justiça Militar.

E o Superior Tribunal Militar, que foi tão atuante em tempos do governo militar, inclusive liberando gente que estava injustamente presa, agora está silencioso, tão omisso quanto a OAB e o Senado, nesses casos que a gente está vendo, que agridem o devido processo legal, o Estado democrático de direito e a Constituição.

Uma outra questão: será que esses últimos acontecimentos, esse grito do tenente-coronel Mauro Cid, chegam aos ouvidos de Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, que é responsável pela manutenção desses casos? Além de tudo, tem lá na Câmara, também, com mais do que suficientes assinaturas, um pedido de CPI sobre abuso de autoridade. Há uma lei que fala de abuso de autoridade e está sendo atropelada, tanto quanto a Constituição.

O presidente Arthur Lira prometeu ao deputado Marcel van Hattem, que colheu as assinaturas, que tomaria providências assim quem instalasse as comissões. As comissões já foram instaladas e já estão funcionando.

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