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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Passaporte de vacina

Estão institucionalizando o denuncismo. Que vergonha!

A Faculdade de Medicina da UnB virou palco de um debate que ganhou proporções nacionais sobre a cobrança do passaporte da vacinação. (Foto: UnB/SECOM)

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Hoje voltam as aulas presenciais. Algumas coisas preocupam. Eu fui procurado por alguns estudantes da Universidade de Brasília que, não querendo correr risco, vão chegar lá sem o tal passaporte de vacina e dizem que não vão ter acesso às aulas. Eles me perguntaram o que fazer, eu disse: contratem um advogado e entrem na Justiça.

A alínea 1 do artigo 206 da Constituição diz que há igualdade de condições para acesso e permanência na escola. Assim como a alínea 15 do artigo 5º, a qual fala em livre locomoção em todo o território nacional.

O incrível é que estão institucionalizando o denuncismo, que vergonha. Que caia a vergonha sobre nós. Tomara que não seja verdade, mas há um pessoal se queixando que na Universidade Federal de Sergipe, quem entrar lá sem ser vacinado pode ser denunciado à Polícia Federal. Imagine se a Polícia Federal agora vai cuidar disso. É o cúmulo.

Por que o sigilo no inquérito do TSE?

Saiu aquele inquérito da delegada requisitada por Alexandre de Moraes dizendo que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime por divulgar dados sigilosos. Eu queria lembrar que a lei 12.527 dá três classificações para o sigilo: reservado, secreto e ultrassecreto. E a resolução 215 diz que isso está valendo no Poder Judiciário também. Não tem no inquérito essa classificação de reservado, nem de secreto, nem de ultrassecreto. Então, não adianta insistir nisso.

A grande pergunta que fica é: por que esconder num ano eleitoral fragilidades que os hackers descobriram em 2018 nos computadores do TSE? Já faz três anos que aconteceu, está na hora de divulgar as conclusões. Por que o sigilo? Que tipo de pressões estão sofrendo para não divulgar? O que está acontecendo? Eu acho que isso é uma coisa muito importante para prestar contas ao patrão, que é o cidadão, o eleitor, o pagador de impostos.

Transposição do São Francisco

Os nossos impostos estão ficando no Brasil agora. Não vão mais para Cuba ou para Venezuela e, com isso, consegue-se transpor o rio São Francisco. Hoje o presidente vai estar em Salgueiro (PE), depois em Jati (CE), amanhã em Jardim de Piranhas e Jucurutu (RN). Lá a represa no rio Piranhas, a barragem Oiticica, vai ligar a água da chuva que caiu nas nascentes do São Francisco. Dá para fazer, basta não roubar.

Não dá para a gente esquecer que a corrupção foi estimulada em um momento em que anulam-se condenações da Lava Jato. Isso é um estímulo a continuar metendo a mão no dinheiro suado dos nossos impostos.

É condenável o aproveitamento político de uma morte

Vejam só uma coisinha que eu descobri no sábado, quando centrais sindicais se mobilizaram para fazer barulho pelo linchamento daquele congolês no Rio de Janeiro. O Rio tem nove homicídios por dia. Pegaram esse. Mas por quê? É porque despencou o número de homicídios e isso é um número favorável ao governo. Pegaram esse homicídio, que teve uma certa repercussão porque a vítima é estrangeira, aí fizeram o barulho todo. Todo homicídio deve ser condenado, esse também, mas também é condenável o aproveitamento político de uma morte.

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