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Recém começada a vacinação e já são muitas denúncias de fura-filas, gente sem caráter, sem cidadania, sem princípios, egoísta sem ter aprendido a conviver. Assim foi no alistamento de 68 milhões de brasileiros para o auxílio emergencial. Com base no TCU, dos 273 bilhões pagos, é possível que 45 bilhões tenham sido destinados a quem não precisava, tinha emprego, renda, patrimônio e até cargo público.
Fazem parte dessa turma de oportunistas que se aproveitam-se até de tragédias. A Polícia Federal já está lotada de investigações sobre desvios de dinheiro para hospitais de campanha, respiradores, material de proteção, facilitados a estados e municípios pela emergência que dispensa licitação. Comprou-se até respirador em adega, que vende aerador para vinho. Contratos superfaturados somam bilhões. Usam a morte para ganhar dinheiro.
Recém havíamos saído da corrupção institucionalizada - um período em que estatais como Petrobras e Caixa Econômica eram usadas pelos partidos no governo para levar dinheiro para bolsos particulares e cofres de partidos, estes com o intuito de financiar campanhas para permanecer no poder e continuar usufruindo do que é do povo brasileiro pagador de impostos. Houve condenações - do maior empreiteiro, de presidente da Câmara, de Presidente da República - mas mesmo assim elas não foram suficientes para um ajuste de conduta dos contumazes dilapidadores do que é de todos.
No escândalo anterior, o do Mensalão, embora com condenações de mais de 30 anos de prisão, ninguém está atrás das grades. Essa fila de sem-caráter não acaba nunca. Leis protegem os agressores e não as vítimas. E parte de nossa cultura elogia como esperto o desonesto que fura-fila, tirando o direito de outros. São leis lenientes, mas como evitar fura-filas em 5.570 municípios? Não podemos ficar à espera do estado, porque a primeira responsabilidade é nossa. É antes de tudo uma questão doméstica, responsabilidade dos pais na formação da cidadania, do caráter. Cada pessoa bem formada é o fiscal de si próprio.