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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Brasil e Irlanda

Uns têm Flávio Dino, outros têm Caio Benício

Campanha online de agradecimento ao entregador carioca Caio Benício já conta com a participação de 23 mil doadores de diferentes países.
Campanha online de agradecimento ao entregador carioca Caio Benício já conta com a participação de 23 mil doadores de diferentes países. (Foto: Reprodução/Campanha "Buy Caio Benicio a pint")

O presidente Lula indicou, para avaliação dos senadores, o nome do ministro da Justiça, Flávio Dino, para ocupar a vaga de Rosa Weber no Supremo. Agora, só vai sobrar uma mulher no Supremo. Já foram três: Ellen Gracie (indicada por Fernando Henrique Cardoso), Cármen Lúcia e Rosa Weber. Se Flávio Dino for aprovado na sabatina e no plenário, só ficará Cármen Lúcia. E para a Procuradoria-Geral da República, no lugar onde também já houve uma mulher, Raquel Dodge, vai Paulo Gonet, que era procurador da Justiça Eleitoral, inclusive naqueles processos contra Jair Bolsonaro.

O povo em geral não é muito interessado em nomes, mas no caso do Supremo isso já mudou, existe um interesse muito grande. Flávio Dino era do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) quando se elegeu deputado, depois que largou a carreira de juiz federal em 2006. Anos depois, foi eleito governador do Maranhão e agora tem mandato de senador. Foi escolhido para ser senador por seu estado, mas abandonou os eleitores do Maranhão para ser ministro da Justiça e, agora, nessa tentativa de ir para o Supremo. Como ele tem 55 anos, ainda tem muito tempo pela frente até chegar à aposentadoria compulsória que pegou Rosa Weber.

Na Irlanda, brasileiro salva pessoas e é herói; aqui, PM diz que está de folga e quem prende ladrão é punido  

Mas vejam só: o brasileiro está interessado mesmo, eu tenho observado, não é no Flávio Dino ou no Paulo Gonet, de quem eles nunca ouviram falar; é no Caio Benício, o motoqueiro entregador que foi para a Irlanda há pouco mais de ano em busca de oportunidades, e achou a oportunidade dele. Salvou crianças e mulheres que estavam sendo atacadas à faca por um fanático muçulmano argelino, deu uma capacetada na cabeça dele e virou herói na Irlanda. Já ganhou o equivalente a R$ 1,6 milhão só de gente que estava fazendo o Pix para a cerveja. Também já tem oferta de restaurante grátis. Todo mundo quer a companhia desse brasileiro de 43 anos. Ele não estava a serviço da segurança irlandesa, ele não estava patrulhando as ruas, ele não era policial de carreira, é motoqueiro, entregador na Irlanda.

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Enquanto isso, aqui no Brasil, uma PM, fardada e armada, presenciou uma ocorrência com violência envolvendo um adolescente no domingo, 12 de novembro. As pessoas recorrem a ela, que dá um pontapé no adolescente que era objeto da discussão, e diz “estou de folga, chama o 190”. A PM, fardada e armada, alega que está de folga. Mas, quando uma pessoa ali do povo reclama dela, de repente ela não está mais de folga: ameaça o sujeito de prisão. E também tivemos o caso do sargento Breno, da PM do Rio Grande do Norte. Ele estava de folga quando viu um sujeito furtando cabos telefônicos de cobre em Nova Parnamirim. Foi lá e deu voz de prisão ao sujeito, como qualquer pessoa pode fazer, de acordo com o Código de Processo Penal, se flagrar alguém cometendo crime. Sabem o que aconteceu? O sargento pegou prisão administrativa por três dias, porque o preso, na hora da audiência de custódia, disse que foi agredido pelo policial, sendo que o policial, ao dar voz de prisão, deve tê-lo imobilizado e chamado uma viatura que estava de serviço e levou o preso.

Aqui no Brasil é assim: o policial de folga que não é policial, e o policial de folga que é policial e acaba punido por isso. Na Irlanda, um brasileiro, motoqueiro, entregador de encomendas, que não tinha nada a ver com o argelino que estava esfaqueando gente, foi lá, salvou as pessoas e está sendo recompensado por isso.

Presidente da OAB mineira lava a alma da advocacia

Termino contando o que aconteceu em Belo Horizonte, no Encontro Nacional de Advocacia. O presidente da OAB mineira fez um discurso fortíssimo na frente do ministro Luís Roberto Barroso, e o auditório todo veio abaixo. Barroso ficou cabisbaixo, sentado; todos os outros, em pé, ovacionando o orador. Parece que o cálice está transbordando.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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