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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

De 6x1 para 4x3

Redução de jornada de trabalho é demagogia pura

Erika Hilton quer protocolar PEC que cria a jornada de trabalho 4x3.
Erika Hilton (PSol-SP) quer protocolar PEC que cria a jornada de trabalho 4"3. (Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados)

Uma proposta que nem chegou ao número mínimo de assinaturas já tem uma repercussão enorme: reduzir a jornada de trabalho. Anunciaram que o 6x1 pode virar 4x3, ou seja, dos sete dias da semana, trabalha-se em quatro e descansa-se em três. Certo, mas de onde é que vão tirar o dinheiro para pagar os salários? E para dar os empregos? Se vão trabalhar menos, vai cair a produção? As vendas? A atividade? É a coisa mais óbvia do mundo. Isso é lei física e lei de mercado. E o mercado tem características físicas e sociais.

A jornada de trabalho era de 48 horas por semana, nos tempos de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que o ditador Getúlio Vargas copiou do corporativismo italiano, lá nos tempos do Mussolini. Fez-se um movimento trabalhista, um partido trabalhista brasileiro. Teoricamente, Trabalhava-se no sábado pela manhã. Eu peguei esse período, também trabalhei sábado pela manhã. Na Constituição, essa jornada foi reduzida para 44 horas: está no artigo 7.º, afirmando ainda que a jornada pode ser organizada de comum acordo nos dias de trabalho. Então, a maioria das pessoas – porque há profissões em que isso não acontece – se organizou para trabalhar essas 44 horas de segunda a sexta.

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E agora temos essa proposta, não sei quantas assinaturas a deputada Erika Hilton já conseguiu, mas precisa de 171, entre 513 deputados. De onde é que tiram isso? É pura demagogia, um populismo barato e ignorante, sem informação. Como é que vai ser? De agora em diante as pessoas vão trabalhar menos? Só no serviço público é o contrário. Nos anos 80, surgiu a informática e pensaram que, com o computador, de cada três funcionários públicos, só um precisaria trabalhar e os outros dois seriam dispensados. Mas não foi assim no serviço público: chegou o computador, mas a folha de pagamento se multiplicou por três ou mais. Até as instalações da Esplanada dos Ministérios foram se multiplicando, com anexos maiores que a área do edifício original. E isso com a informática.

É incompreensível, mas o serviço público é incompreensível mesmo. Já na iniciativa privada prevalece a razão, o certo e o errado. Não existe geração espontânea de riqueza, nem almoço grátis. Alguém paga – e paga com trabalho. Se uma empresa tem 50 funcionários para fazer determinado serviço, e se o número de horas de trabalho vai cair, ela vai dispensar funcionários para continuar se mantendo equilibrada, do contrário ela quebra e fica, todos desempregados. Mas, se entender isso é tão simples, como é que uma ideia dessas prospera? É pura demagogia, populismo, ofensa aos neurônios das pessoas.

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Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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