O presidente da República diz que o SUS é o melhor serviço de saúde pública do mundo, mas, quando é com ele, corre para o Sírio Libanês. Comentei outro dia sobre a morte de um garçom de 32 anos, que estava com dores, esperando para ser atendido na UPA da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. E agora vimos o que aconteceu com um médico plantonista aqui no Distrito Federal, no Hospital Regional de Samambaia, que é um hospital público, do governo distrital, no sábado. O médico, que é clínico geral, entrou e foi direto para a sala de repouso. Uma filha estava esperando a alta da mãe, que estava pronta para ir para casa, mas dependia de o plantonista dar alta. A filha foi até a porta da sala de repouso, bateu, ninguém atendeu; ela abriu a porta e viu o médico deitado, com a mão sobre os olhos. Ele a atendeu rispidamente, ela falou sobre a alta da mãe, o médico foi cambaleando, nem conseguiu ligar o computador
A filha começou a filmar as atitudes do médico, e aí começou o bate-boca. Quando ele viu que estava sendo filmado naquele estado, resolveu ir embora, pegou o carro, bateu no veículo de outro paciente e saiu. Avisaram a polícia, que foi atrás dele em uma perseguição de quatro quilômetros. Por fim, encontraram o carro do médico parado, com as portas abertas e os pneus furados, deve ter furado em alguma calçada. Izailson Chaves de França, 42 anos, foi autuado em flagrante por embriaguez ao volante, pagou uma fiança e foi embora. Agora, a Corregedoria da Saúde abriu inquérito.
Crime contra CEO de plano de saúde nos EUA gera onda de “não aprovo, mas entendo”
Na terça-feira, a justiça de Nova York indiciou Luigi Mangione, o jovem de 26 anos, filho de família rica, que trabalhava a distância, do Havaí, para uma empresa de informática da Califórnia, e é acusado de ter ido a Nova York para matar o CEO da UnitedHealthCare, uma empresa de plano de saúde. Ele sofria de muitas dores nas costas, não se sabe se esse foi o motivo, se ele não foi atendido pelo plano de saúde. Foi indiciado por homicídio doloso. O interessante disso tudo é a popularidade do caso. As pessoas não aprovando o crime, claro, mas tentam justificar, dizendo que os planos de saúde atendem muito mal e deixam os pacientes na mão. Aí o assassinato acaba sendo um libelo, um alerta aos planos de saúde.
José Dirceu tem condenação por corrupção anulada, Filipe Martins é condenado por “gesto racista”
José Dirceu não tem mais condenação de 30 anos por receber propina da empreiteira Engevix. Foi decisão unânime da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, já que o ministro do STF Gilmar Mendes havia anulado as sentenças de Sergio Moro, e uma delas era essa. Então, consideraram prescrita a pena. Já o ex-assessor internacional Filipe Martins foi condenado por fazer um gesto de “supremacia branca”, parecia que estava ajeitando algo na lapela. Nem sabia que existia gesto de white power, muito menos que fosse crime, já que black power é menos do que crime, é moda.
Martins foi condenado a dois anos e quatro meses em primeira instância, e vai recorrer. Um juiz anterior havia rejeitado a denúncia, dizendo que isso era bobagem. Mas mandaram fazer o julgamento e outro juiz, da 12.ª Vara da Justiça Federal em Brasília, achou que deveria condená-lo. Coloco os dois casos, de Dirceu e de Martins, lado a lado porque todo mundo diz que o veredito depende da cor ideológica do acusado, do réu, do indiciado. É o que estamos vendo aqui: a falta de critério de muita gente na Justiça. Vivemos tempos muito estranhos.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos