A juíza Gabriela Hardt, substituta de Sergio Moro, finalmente se livrou da Lava Jato. Tentou ser transferida para Florianópolis, mas não conseguiu; agora, reconsideraram um pedido para a 3.ª Turma Recursal, em Curitiba. Foi ela quem condenou Lula no caso do sítio de Atibaia. Antes dela, o juiz titular foi Eduardo Appio, hoje afastado para apurações. Imagino que a juíza deve estar sentindo em relação à Justiça o mesmo que boa parte dos brasileiros. O ex-procurador Deltan Dallagnol já perdeu o mandato que recebeu de 344 mil paranaenses; dizem que o ex-juiz Moro é o próximo alvo. Parece vingança.
Em abril de 2021, o Supremo, por 8 a 3, anulou os processos de Lula na 13.ª Vara, argumentando que os casos do tríplex, do sítio e do Instituto Lula nada têm a ver com o objetivo de investigar corrupção na Petrobras. Dois anos depois, o entendimento do Supremo aparentemente não serviu para o caso do celular do ajudante de ordens de Bolsonaro, já que cartão de vacina nada tem a ver com as invasões de 8 de janeiro. Mas a Operação Venire foi incluída na investigação de “milícias digitais”.
Na Lava Jato, as condenações consideraram que as empreiteiras envolvidas retribuíam contratos superfaturados com a Petrobras. A devolução de R$ 6 bilhões equivaleu a confissões dos réus, assim como 43 acordos de leniência, que preveem a devolução de R$ 24,5 bilhões. A responsabilidade agora, na 13.ª Vara, é do juiz Fábio Nunes de Martino, que vem de Ponta Grossa. Não encontrei registros de entrevistas dele, o que conta pontos no seu currículo, porque juiz falar fora dos autos é um perigo para a credibilidade da Justiça. Agora mesmo o presidente do STM, brigadeiro Joseli Camelo, resolveu qualificar o tenente-coronel Cid, e revelou pré-julgamento.
O Judiciário virou foco das atenções e nesta semana o Senado decide se o advogado de Lula, Cristiano Zanin, será ministro do Supremo. Imagino que um advogado se transformar em juiz supremo deva ser algo quase mágico. A natureza do advogado é defender alguém ou alguma causa; a natureza do juiz é defender a lei e a justiça, como um fiel de balança. A atenção subiu quando o G1 mostrou que o gabinete que pode ser de Zanin e era de Moraes tem 350 metros quadrados – certamente mais amplo que a maciça maioria das residências dos brasileiros. Está no maravilhoso anexo do Supremo, que disputa em grandiosidade e beleza com os palácios dos outros tribunais e o da Procuradoria-Geral da República. Tudo construído com os impostos pagos pelo mesmo povo a quem devem prestar o serviço da justiça.
Como nunca antes na minha vida vejo agora o Judiciário estar na boca do povo. Como numa Copa do Mundo, em que todo mundo vira técnico de futebol, milhões de “juristas” e de “juízes” andam pelo país digital, escrutinando tudo e julgando os próprios juízes – não apenas nas decisões políticas relativas às liberdades, em que são torcedores, mas também no trato com a corrupção, o tráfico e decisões que mostram impunidade. O triste é quando as pessoas desanimam. É por isso que tanto se vê se abandonar a esperança no cumprimento das leis e da Constituição e entregar tudo nas mãos de Deus.
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